BRASÍLIA – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta quinta-feira (13), ao lado da ministra do Planejamento, Simone Tebet, que a equipe econômica foi orientada a intensificar a revisão e corte de gastos.

Ambos falaram à imprensa após reunião da equipe econômica na sede do Ministério da Fazenda, em meio ao aumento da desconfiança do mercado financeiro com a política fiscal do governo.

As incertezas sobre a agenda de equilíbrio das contas públicas vêm deteriorando o ambiente financeiro, com desvalorização do real frente ao dólar. Após a fala de Haddad nesta quinta-feira, o dólar, que havia alcançado o maior patamar em 17 meses na véspera, recuou para R$ 5,36.

Haddad disse haver uma equipe focada na agenda de revisão de gastos, mas garantiu que o trabalho será intensificado para que possa haver maior clareza na elaboração do orçamento de 2025. Afirmou esperar que até o fim de junho haja uma “clareza” da peça orçamentária do próximo ano no que diz respeito às despesas.

“E começamos aqui a discutir também, obviamente, 2025, a agenda de gastos, equipe já está montada, o que pedimos foi intensificação dos trabalhos, para que até o final de junho possamos ter clareza do orçamento de 2025, estruturalmente bem montado, para passar tranquilidade sobre o endereçamento das questões fiscais do país, então vamos manter ritmo mais intenso de trabalho neste mês”, disse o ministro, lembrando que a peça orçamentária começa a ser montada no início de julho para ser enviada em agosto ao Congresso.

Fernando Haddad garantiu ainda que a Fazenda e o Planejamento estão “bastante” sintonizados nessa agenda. Afirmou que os gastos primário e tributário, além do gasto financeiro do Banco Central, precisam ser revistos. 

“Ela (a agenda de gastos) está ganhando ao longo do tempo tração cada vez maior. Eu e a Simone (Tebet) temos conversado cada vez mais sobre isso. Hoje a reunião foi sobre isso. Eu penso que essa agenda, o Congresso está muito disposto a avançar, tenho dito isso”, afirmou Haddad.

“Nós queremos rever gastos primários, estamos dispostos a cortar privilégios, já voltou à tona vários temas que estão sendo discutidos de novo, o que é bom, como supersalários como correção de benefícios que estão sendo concedidos ao arrepio da lei, correção de cadastros. Isso tudo voltou para a mesa. Achamos que é ótimo isso acontecer, porque vai facilitar o trabalho de equilibrar as contas”, completou.

Simone Tebet endossou o discurso e afirmou que, diferentemente do ajuste via receitas – que começou a se exaurir em meio ao princípio de não ter aumento de carga tributária –, há ampla margem para rever despesas. O cardápio de alternativas, segundo ela, ainda não foi levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Propostas dos senadores para compensar a desoneração serão avaliadas

Fernando Haddad também disse aos jornalistas que todas as propostas dos senadores para compensar a desoneração da folha de pagamentos serão processadas pela equipe econômica. Ele acredita que os Poderes vão chegar a um consenso rápido sobre o assunto. 

Haddad afirmou ainda que, a partir da semana que vem, também irá colocar “algumas propostas” na mesa, mas ressaltou que o foco está em analisar o impacto dos projetos que serão sugeridos pelo Senado.

A necessidade de se encontrar uma nova solução para a compensação surgiu após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolver a parte da Medida Provisória que restringia o uso de crédito de PIS/Cofins.

De acordo com o chefe da equipe econômica, o apoio ao Senado na busca de uma compensação para o benefício previdenciário será dado tanto pelo Planejamento como pela Fazenda.

“Todas as propostas dos senadores vão ser processadas por nós, para encaminharmos análise de impacto de cada uma delas. A mediação será feita pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) sem prejuízo do diálogo com mais senadores interessados. Então penso que vamos chegar ao denominador rápido. Vamos colocar algumas propostas na mesa a partir da semana que vem, mas principalmente receber deles até para evitar um atraso nisso. Vamos receber deles as propostas que eles têm em mente, fica mais fácil tramitar, calcular, mais simples de resolver", disse Haddad. (Com Estadão Conteúdo)