BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repetiu críticas ao tarifaço dos Estados Unidos contra produtos brasileiros exportados para o país durante inauguração da fábrica da montadora chinesa GWM em São Paulo nesta sexta-feira (15/8). Lula endossou a importância da parceria comercial entre Brasil e China e também respondeu às provocações que têm recebido sobre a atuação dos Brics.

"Estamos vivendo uma turbulência desnecessária. Uma turbulência desnecessária porque o presidente norte-americano [Donald Trump] resolveu, depois de um momento de provocação, me mandar uma carta dizendo que ia taxar o Brasil em 50% de seus produtos", afirmou. "Fiquei estarrecido", completou. Lula prosseguiu alegando que o Brasil se dispôs a negociar com os Estados Unidos, mas declarou que não aceitará "inverdades".

"A ideia de passar para o mundo que o Brasil é um país horrível para negociar não é verdade. E não posso admitir que um presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos possa contar a quantidade de inverdades que ele conta sobre o Brasil", continuou.

Lula também voltou a rebater acusações feitas pelo Departamento de Estado norte-americano de que o Brasil age contra os direitos humanos e defendeu o Supremo Tribunal Federal (STF). "No outro lado da carta, ele diz que o Brasil não tem direitos humanos. Aqui no Brasil temos democracia, direitos humanos, e o ex-presidente [Jair Bolsonaro] que está sendo julgado é julgado por delação de seus pares em função de uma tentativa de golpe", declarou. 

"Ele não queria que eu e Alckmin tomássemos posse, e no plano de golpe dele estava previsto matar a mim, matar o Alckmin e matar o presidente da Suprema Corte Eleitoral que está julgando ele", completou se referindo ao inquérito do golpe. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados dele serão julgados no STF a partir de 2 de setembro por crimes contra o Estado democrático de direito. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo agiu para impedir a posse de Lula e manter Bolsonaro no Palácio do Planalto, ignorando o resultado das eleições.