BRASÍLIA - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reiterou nesta sexta-feira (21) suas críticas ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, chamando-o de "adversário político" em seu discurso mais incisivo até então.
Durante uma entrevista à Mirante News FM, do Maranhão, Lula enfatizou a discordância ideológica e política com o modelo de governança representado por Campos Neto: "Nós estamos com um problema sério, eu já fui eleito presidente da República há 1 ano e sete meses, e o presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico, do modelo de governança que nós temos".
Essas declarações surgiram após questionamentos sobre a desvalorização do real em relação ao dólar em 2024, onde o real foi listado entre as cinco moedas com maior desvalorização frente ao dólar, conforme a agência classificadora de risco Austin Rating, com base em dados do Banco Central do Brasil (BC).
Lula intensificou suas críticas a Campos Neto ao longo da semana, especialmente após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa de juros em 10,5%, contrariando as expectativas do Palácio do Planalto, que esperava uma redução da Selic.
Em uma entrevista à Rádio Verdinha, de Fortaleza (CE), na quinta-feira (20), Lula expressou sua decepção com a manutenção da taxa de juros e chamou Campos Neto de "rapaz".
A decisão do Copom marcou o fim de um ciclo de reduções na Selic iniciado em agosto de 2023, após sete cortes consecutivos. Todos os diretores do colegiado votaram de forma unânime, indicando uma decisão alinhada com a interrupção dos cortes, contrariando as expectativas de mercado que previam uma estagnação da taxa em 10,5% e a retomada dos cortes apenas em 2025.
Lula também criticou a atuação do Banco Central e seu presidente em uma entrevista à rádio CBN, realizada na véspera da decisão do Copom sobre a taxa básica de juros da economia, na terça-feira (18).
"Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse instante: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país que para ajudar o país. Porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está".