BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, neste sábado (29), que não é o “pai dos pobres”, como costuma ser chamado por suas políticas de assistência à população de menor renda. Ele disse ser “um pobre que chegou à Presidência por causa por pobres” que o elegeram. O petista falou em um evento oficial em São Paulo. 

“Eu não sou o pai dos pobres. Eu sou um pobre que chegou à Presidência da República por causa dos pobres desse país que me elegeram. Eu nada sou do que um de vocês que teve uma oportunidadezinha aqui, porque na minha vida eu sei o que é fome, eu sei o que é desemprego. Eu sei o que é morar em enchente”, afirmou, em referência à sua vida antes da  carreira política.

O petista contextualizou sua fala a quem diz que ele “só governa para pobres”, já que costuma direcionar suas falas para a população mais carente.  

“Tem muita gente que fala que o Lula só fala para pobres. Não, eu falo para o povo brasileiro. Acontece que o meu coração tem que funcionar como o coração de uma mãe. Ela pode ter dez filhos, ela acha os dez bonitos e inteligentes, mas vai ter sempre um carinho especial por aquele que está mais fragilizado. É nele que ela vai fazer um cafuné a mais”, disse.

“Então eu quero governar o país para os empresários, quero que eles ganhem dinheiro para gerar emprego, consumo, salário. Eu quero que a economia cresça que todo mundo cresça, mas é importante que a gente coloque o povo humilde para subir um degrau da escada social do país, e começa pela educação”, completou.

Lula frisou que é preciso “parar com essa ideia de achar que as pessoas gostam de ser pobres”. “Esse negócio de ir na feira na xepa, às 11h, porque vai pegar as coisas que já estão amassadas, porque os que vão primeiro apertam ovo, apertam o tomate, a batatinha e a alface. Quando a gente vai já está tudo amassado. O povo mais humilde quer ir à feira de manhã para comprar os melhores produtos, as melhores laranjas. É isso que nós queremos e achamos que o Brasil pode fornecer”.

“Ninguém gosta de ser pobre. Ninguém gosta de não ter profissão. Quando a pessoa é engenheiro, ela procura uma vaga. Quando ela é dentista, tem emprego garantido. Quando é médico... mas quando a gente não tem profissão, a gente não é nada, a gente é ajudante geral. É uma profissão que não tem um salário alto”, observou.

O presidente frisou a necessidade de ampliar a igualdade de oportunidades no país. “Nós queremos com que cada criança, cada adolescente, cada pessoa possa ter mais oportunidade e estudo que seu pai e sua mãe tiveram para ajudar a cuidar da família”, afirmou.

O Estado tem que garantir à filha mais humilde da empregada doméstica o direito de entrar na universidade em que vai entrar o filho da patroa. Se ela for universidade pública, tem que ser igual para todo mundo”, destacou.

Lula falou neste sábado (29), em São Paulo, no evento de lançamento da pedra fundamental do campus Zona Leste da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do campus Cidade Tiradentes do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). As obras contam com investimento federal.

Ministros de Estado e a primeira-dama Janja também estiveram presentes, além do pré-candidato à prefeitura de São Paulo, o deputado Guilherme Boulos (PSOL), e a vice na chapa dele, Marta Suplicy (PT).