BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante evento no Palácio do Planalto e alfinetou as “vaquinhas” pedidas por seu antecessor, além da campanha da oposição pela anistia aos investigados pelos atos de 8 de janeiro.

Em cerimônia de lançamento do Plano Safra 2025/26, nesta terça-feira (1), Lula não citou Bolsonaro, mas fez referência a quando o ex-presidente pediu um Pix para apoiadores. “Nunca vou pedir pra vocês fazerem um Pix pra mim. Guardem o dinheiro para pagarem seus funcionários. Eu não quero Pix".

"E jamais vou pedir anistia antes de ser condenado. Quem é frouxo não deveria fazer bobagem. Quem não tem coragem não deveria fazer bobagem. Quem não mede as consequências do erro não deveria fazer bobagem. Este país está precisando de um pouco de seriedade”, completou o petista.

A declaração de Lula foi feita em frente a uma plateia de empresários do agronegócio, segmento que tradicionalmente é mais próximo de Bolsonaro e tem maior rejeição a Lula.

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aponta que, em 2023, após deixar a Presidência, Bolsonaro recebeu R$ 17,1 milhões em suas contas por meio de transferências bancárias realizadas por Pix. O valor foi arrecadado por meio de uma vaquinha organizada por seus apoiadores para pagar multas processuais.

Em maio deste ano, outro aliado de Bolsonaro, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, pediu que seus seguidores fizessem Pix ao ex-presidente com a justificativa de que as despesas dele “aumentaram”. Um desses gastos, de acordo com Machado, seria para "ajudar" o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a continuar morando nos Estados Unidos.

Bolsonaro é alvo de uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente liderar uma organização de um golpe de Estado depois de perder as eleições de 2022. Ele já é réu no caso, que deve ser julgado até setembro pela Primeira Turma do STF.

Lula defende Haddad

O presidente Lula defendeu ainda durante o discurso que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “paga muito o preço por ser honesto” e aproveitou para questionar a falta de cobrança sobre estabilidade fiscal do governo anterior, citando Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro.

“Poucos países do mundo têm um ministro da Fazenda com a seriedade que o Haddad tem. Esse país teve muito poucos. Eu vi na TV a quantidade de bravatas que o Guedes fazia. Por que ninguém cobrava estabilidade fiscal do governo passado? Por que ninguém cobrava o teto de gastos, possivelmente o momento mais irresponsável do país?”, questionou Lula.

“Então, Haddad, a gente paga muito o preço por ser honesto. Muitas vezes as pessoas são induzidas a serem desonestas porque dá menos problema. E vamos pagar esse preço, Haddad. Quando a gente deixar o governo, vamos andar de cabeça erguida”, completou o presidente.