BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (1) que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “paga muito o preço por ser honesto” e aproveitou para questionar a falta de cobrança sobre estabilidade fiscal do governo anterior, citando Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PL).

“Poucos países do mundo têm um ministro da Fazenda com a seriedade que o Haddad tem. Esse país teve muito poucos. Eu vi na TV a quantidade de bravatas que o Guedes fazia. Por que ninguém cobrava estabilidade fiscal do governo passado? Por que ninguém cobrava o teto de gastos, possivelmente o momento mais irresponsável do país?”, questionou Lula.

“Então, Haddad, a gente paga muito o preço por ser honesto. Muitas vezes as pessoas são induzidas a serem desonestas porque dá menos problema. E vamos pagar esse preço, Haddad. Quando a gente deixar o governo, vamos andar de cabeça erguida”, completou o presidente.

Lula fez as declarações a uma plateia de produtores rurais durante o lançamento do Plano Safra 2025-2026, que prevê R$ 516 bilhões para agricultores de médio e grande porte. Em sua fala, Lula ainda disse que as ações do Ministério da Fazenda têm o objetivo de buscar justiça tributária e "cobrar um pouco mais de quem tem muito", mas que "isso gera uma rebelião". 

Mais cedo, Haddad disse esperar uma ligação do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) para conversarem sobre a derrubada, na última quarta-feira (25), do decreto do governo que reajusta o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

“Eu estou aguardando o retorno de uma ligação que fiz para ele na semana passada. Ele tem que ficar à vontade também. O presidente Hugo Motta frequentou o Ministério da Fazenda como poucos parlamentares. É uma pessoa que é considerada amiga do Ministério da Fazenda, todos aqui, não só de mim. E sabe que tem livre trânsito comigo. Não tem nenhuma dificuldade, da minha parte nenhuma”, disse Haddad a jornalistas.

Também nesta terça, Lula decidiu recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Congresso de derrubar o aumento do IOF. A informação foi dada pelo ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias.

Ao comentar a decisão, Messias negou repetidas vezes que o recurso seja uma forma de Lula confrontar o Legislativo. De acordo com Messias, a ação foi um caminho “estritamente jurídico”. Ele também frisou que o presidente da República “quer paz” e está aberto para dialogar com o Congresso “com profundo respeito”.