BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista exclusiva à FM O TEMPO 91,7 nesta sexta-feira (28), que é preciso “controlar melhor” o preço dos alimentos ao consumidor final e um dos caminhos é a criação de um estoque nacional. Lula admitiu que a queda no preço ainda não é suficiente para garantir a melhor alimentação à população de menor renda, como foi sua promessa de campanha em 2022.
“Muitas vezes, o alimento sobe porque você tem escassez de produção, lamentavelmente é assim”, disse, acrescentando que produtores aumentam o preço e consumidor final “paga o prejuízo”. “Nós precisamos controlar melhor [o preço dos alimentos]”, continuou.
“A Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] não tinha estoque de alimentos e agora nós estamos fazendo com que tenha, porque quando um produto estiver subindo, a gente coloca o estoque no mercado e barateia o preço. Quando a gente quiser que as pessoas produzam uma coisa, a gente dá uma garantia de preço mínimo para a pessoa produzir”, destacou.
O petista citou como exemplo o preço do arroz no mercado depois das chuvas no Rio Grande do Sul, que prejudicaram a colheita que abastece o país e encareceram o preço do alimento. Para amenizar o problema, o governo decidiu importar arroz.
“Esses dias, eu decidi importar um milhão de toneladas de arroz porque eu vi no supermercado um saco de arroz de 5kg de R$ 36. Não é possível, tem que estar R$ 22, de acordo com o poder aquisitivo do povo mais humilde. O feijão a mesma coisa. A carne barateou. Eu posso dizer que a picanha já barateou, mas ainda é preciso baratear tudo para que o povo possa ter acesso. Nós estamos equilibrando as coisas”, declarou.
Lula também defendeu que nenhum alimento da cesta básica nacional seja tributado. O tema está em debate na regulamentação da reforma tributária, que deve ser votada pela Câmara dos Deputados em julho. “Eu acho que tudo aquilo que for da cesta básica, que for elementar para o povo trabalhador comer, a gente não tem que cobrar imposto”, disse.
Na proposta da equipe econômica do governo federal, 18 tipos de alimentos devem ter alíquota zero do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS). Outra lista pode ter alíquota reduzida. Deputados e senadores também podem mudar o texto até a aprovação. Veja quais são os alimentos que podem ser isentos de acordo com a proposta inicial:
- Arroz;
- Leite fluido pasteurizado ou industrializado, na forma de ultrapasteurizado, leite em pó, integral, semidesnatado ou desnatado; e fórmulas infantis definidas por previsão legal específica;
- Manteiga;
- Margarina;
- Feijões;
- Raízes e tubérculos;
- Cocos;
- Café;
- Óleo de soja;
- Farinha de mandioca;
- Farinha, grumos e sêmolas, de milho, e grãos esmagados ou em flocos, de milho;
- Farinha de trigo;
- Açúcar;
- Massas alimentícias;
- Pão do tipo comum (contendo apenas farinha de cereais, fermento biológico, água e sal);
- Ovos;
- Produtos hortícolas (exceto cogumelos e trufas);
- Frutas frescas ou refrigeradas e frutas congeladas sem adição de açúcar ou de outros edulcorantes.
A entrevista foi concedida às jornalistas Cynthia Castro e Thalita Marinho