BRASÍLIA - A ministra de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, afirmou no fim da manhã deste domingo (18) que a abstenção no Concurso Nacional Unificado (CNU) foi alta, mas dentro da média para as seleções para cargos públicos. Ela não apresentou números. Disse que “é um número que não é baixo, mas não é acima da média que a gente tem visto nos concursos”, e que será divulgado um balanço no fim do dia.

“Não tem nada além do previsto. Abstenção em concurso público é uma coisa alta. A gente viu concursos recentes, como o do Banco Central, que tem uma taxa muito alta de abstenção, mesmo sendo um concurso caríssimo, relativamente mais caro que o Concurso Unificado. Isso é comum: as pessoas se inscrevem, mas nem todo mundo consegue se preparar”, afirmou Dweck.

Ela ainda falou que muitos servidores públicos se inscreveram para o CNU, mas depois desistiram, após negociações salariais das categorias com o governo federal, que resultaram em ganhos para esses trabalhadores. “A gente soube de gente que com as negociações desistiram de fazer o concurso, porque ficaram felizes com seus salários. Até isso aconteceu e impactou a abstenção”, observou.

A ministra lembrou que o certame é destinado vagas em 21 órgãos diretamente, mas que praticamente todos os ministérios serão atendidos com novos servidores. "São 21 órgãos que têm vaga diretamente, mas há muitas vagas transversais. Praticamente todos os mistérios vão ser providos por este concurso", reforçou.

A seleção é a maior da história do país para cargos no governo federal. 

  • São mais de 2,1 milhões de inscritos para concorrer a 6.640 vagas em 21 órgãos.
  • Há 3.647 locais de prova e 72.041 salas, em 228 municípios.
  • Mais de 210 mil pessoas trabalham na aplicação do exame.

Até as 12h, nenhuma ocorrência grave havia sido registrada na aplicação do CNU. O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos informou que houve pequenas dificuldades, por exemplo com a queda de energia, em particular no Rio de Janeiro. No entanto, afirmou que tudo foi resolvido antes do início das provas. A segunda etapa vai das 14h30 às 17h30.

Lula diz que CNU supre déficit de décadas 

Dweck deu uma rápida entrevista coletiva após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sala de situação da Dataprev, em Brasília, onde é feito o trabalho de monitoramento para tratamento de incidentes e respostas do CNU, também chamado de Enem dos Concursos.

Ao fim da visita, Lula disse a jornalistas que o exame supre uma deficiência de décadas na contratação de mão de obra. Ele ponderou que, apesar da digitalização de serviços, é preciso ter seres humanos qualificados em cargos públicos.

“Estamos suprindo uma deficiência de dezenas de anos nesse país sem fazer concurso, Quando se fez concurso, foi concurso específico. Então, você sequer tem gente para sobrepor aqueles que se aposentaram”, comentou Lula.

“Estamos inovando e vamos suprir uma necessidade de anos do serviço público federal, melhorando a máquina pública”, ressaltou o presidente.  

Em conversa com Dweck, durante a passagem pela sala técnica, Lula demonstrou preocupação com uma eventual infiltração do crime organizado no Estado por meio da realização de concursos e cobrou medidas efetivas para coibir esse tipo de ação. O presidente disse à ministra que faria a ela uma “pergunta incômoda”.

“É um ingrediente perigoso, porque você faz o concurso, o cara entra e você não sabe o que o cara era. O cara pode ser do PCC, do Comando Vermelho, qualquer coisa”, disse Lula. Em seguida, ele cobrou medidas efetivas para coibir esse tipo de ação.  Dweck respondeu que há sim preocupação em relação a isso.

Por fim, Lula parabenizou as equipes que trabalham na realização do concurso. “A participação nas inscrições foi extraordinária. E a diversidade vai ser excepcional. O resultado também espero que seja extraordinário. Precisamos adequar a máquina pública ao século 21”, frisou o presidente.

Confira alguns dos números relativos à declaração de Lula:

  • Cerca de 600 mil pessoas foram isentas da taxa de inscrição no CNU, seja pelo CadÚnico, Prouni e Fies, ou por serem doadores de medula óssea.
  • Mais de 10 mil indígenas e 400 mil cotistas se inscreveram no Enem dos Concursos.