BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta sexta-feira (9), a ausência do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), em um evento organizado pelo governo federal no Estado. “Tem gente que age pequeno e não enxerga as necessidades do povo brasileiro”, declarou, sem citar diretamente o nome do governador.

Jorginho é aliado político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), adversário direto de Lula, e seguiu a mesma postura de governadores do campo político oposto que não têm comparecido da gestão Lula. Em reação, o petista tem aproveitado eventos oficiais para atacar as ausências de governadores da oposição, especialmente o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Lula inaugurou o Contorno Viário da Grande Florianópolis, na cidade de Palhoça, na altura da BR-101. Os representantes estaduais foram a vice-governadora Marilisa Boehm (PL), a quem o presidente se direcionou quando fez a queixa pela falta de Jorginho, e o secretário de Infraestrutura, Jerry Comper (MDB). 

"Em todos os Estados que eu viajo, em todas as cidades, eu faço questão de convidar o governador, os prefeitos e os deputados. E as pessoas vem porque não é todo dia que se inaugura uma obra dessa qualidade", iniciou.

"Esse governador que está aqui [no Estado], eu não o conheço, portanto, não posso falar mal dele. Mas ele perdeu a oportunidade de participar da inauguração da obra mais importante do Estado de Santa Catarina. Eu não consigo entender”, continuou Lula logo no início do discurso. 

Ainda direcionado a Marilisa, Lula prosseguiu e estendeu a crítica ao prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), que é aliado de Jorginho e também não compareceu ao evento: “A [vice] governadora está vendo. Se [Mello] viesse aqui, seria tratado com respeito, ia fazer o discurso que ele quisesse fazer, ninguém ia controlar o que ele fosse falar. E o prefeito, a mesma coisa. Lamentavelmente, tem gente que pensa pequeno, tem gente que age pequeno e não enxerga as necessidades do povo brasileiro”. 

“Eu mandei convidar o governador porque eu queria que ele estivesse aqui. Porque nós precisamos trazer o Brasil de volta à civilidade. O Brasil é um país muito fraterno, o povo é muito generoso. Esse país não pode ser alimentado pela mentira, pelo ódio, pela fake news, pelos descalabros que a gente vê. Esse país não precisa de arma. Precisa de livro, de escola”, acrescentou.

Ao longo de seu discurso, Lula fez críticas à gestão Bolsonaro, também sem mencionar diretamente o nome do ex-presidente, e repetiu as políticas de seu governo em prioridade à população de menor poder aquisitivo. Um dos programas citados pelo petista foi o Pé-de-meia, uma poupança para estudantes de baixa renda que cursam o ensino médio.

De acordo com Lula, mais de 30 mil alunos catarinenses devem receber a poupança pela iniciativa do governo federal. “E se o governador quiser colaborar, ele pode pegar aqueles que estão acima da linha de corte e dar também uma poupança”, sugeriu ao governador.

“Tem gente que diz ‘ah, mas o Lula está gastando dinheiro desnecessário’. Quem pensa isso tem um filho estudando no estrangeiro, manda seu filho para Londres, Paris, Boston, Washington, Nova York. Mas os nossos estão aqui. Ou a gente investe em educação, ou vai gastar dinheiro depois construindo prisão. É isso que vai acontecer se a gente não cuidar da nossa juventude”, completou Lula.