BRASÍLIA - Os Estados Unidos foram responsáveis por deportar, em 2024, 1.648 brasileiros em 16 voos fretados do Immigration and Customs Enforcement (ICE). Esse número é 33% maior do que o registrado em 2023, quando 1.240 pessoas foram expulsas do solo norte-americano e obrigadas a voltar ao Brasil.
A maioria dos voos fretados pela agência do governo dos Estados Unidos que aplica as leis de imigração e alfândega chegam ao Brasil pelo Aeroporto Internacional de Confins. Os dados foram confirmados pela Polícia Federal (PF) à equipe de O TEMPO em Brasília.
De acordo com a corporação, essas deportações se referem apenas às de brasileiros detidos na fronteira com o México, em tentativas ilegais de entrada nos Estados Unidos. Já o número de barrados em aeroportos, e que retornam em voos comerciais, não é informado pelas autoridades norte-americanas.
As detenções e deportações de cidadãos do Brasil na fronteira dos Estados Unidos com o México registraram uma baixa em 2020, último ano do primeiro governo Trump, e um disparo em 2021, primeiro ano do mandato de Joe Biden, com políticas de imagração menos severas que seu antecessor.
- 2024: 1648 em 16 voos
- 2023: 1240 em 16 voos
- 2022: 1423 em 17 voos
- 2021: 2188 em 24 voos
- 2020: 1138 em 21 voos
Deportações em voos fretados foram retomadas no governo Bolsonaro
A deportação de brasileiros em voos fretados tornou-se uma prática frequente no Brasil desde o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL). Em 2019, o então presidente autorizou a entrada de aviões com deportados, o que estava suspenso desde 2006.
Dois anos depois, o governo dos Estados Unidos solicitou ao Brasil a autorização para ampliar a frequência desses tipos de voos, passando de um para até três por semana, o que representou o acréscimo registrado em 2021.
Trump promete endurecer as políticas de imigração
Nessa segunda-feira (20), assim que foi empossado novo presidente, Donald Trump anunciou o endurecimento das políticas de imigração. Entre elas o envio de tropas à fronteira com o México, a retomada da construção de um muro e a reintrodução da política “Permaneça no México”.
Trump também anunciou a suspensão temporária de refúgios e o fim do direito automático à cidadania para pessoas nascidas em solo norte-americano. Tudo isso deve resultar na maior operação de deportação da história dos Estados Unidos. Estima-se que cerca de 11 milhões de pessoas vivam por lá em situação irregular, incluindo brasileiros.