BRASÍLIA - O embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, foi anunciado nesta terça-feira (21) como o presidente da COP30, a conferência do clima das Nações Unidas, cuja edição deste ano será em Belém (PA), no mês de novembro.
A decisão foi tomada após uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e representantes do Itamaraty. A atual secretária de Mudança do Clima, Ana Toni, foi nomeada CEO e secretária-executiva da COP30.
Em conversa com jornalistas, André Corrêa do Lago reconheceu que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tirar o país do Acordo de Paris terá um impacto sobre as negociações da COP.
“Estamos ainda analisando as decisões do presidente Trump, mas não há a menor dúvida de que terá um impacto significativo na preparação da COP e na maneira como vamos ter que lidar com o fato de que um país tão importante está se desligando desse processo”.
Firmado em 2015, o Acordo de Paris tem como objetivo de limitar a 1,5°C o aumento da temperatura média do planeta em relação aos níveis pré-industriais. Trump também já deu outros sinais de que estará pouco comprometido com a agenda climática, o que preocupa o governo brasileiro. Porém, ainda não foi definido se o presidente americano será convidado para o evento em Belém.
André Corrêa do Lago, no entanto, ponderou que ainda há canais de diálogo com os EUA, que não deixaram de ser membros da Cúpula do Clima. Além disso, o modelo federativo dos EUA, que prevê maior autonomia dos estados, permite ao governo brasileiro negociar diretamente com governadores daquele país.
“É uma decisão soberana de um país, mas isso não quer dizer necessariamente que esse acordo não possa encontrar uma forma de contornar a ausência de um país”, disse André.
O embaixador traçou como prioridades do Brasil na COP30 o financiamento de ações para o combate aos efeitos das mudanças climáticas, além da adaptação de países e cidades a eventos extremos.
“O financiamento climático é um tema que há um mandato específico para Brasil e Azerbaijão trabalharem para fortalecer os recursos financeiros disponíveis para o combate à mudança do clima. Mas também a adaptação, que no Brasil se tornou um tema muito compreendido e traumático pelo que aconteceu em Porto Alegre”.
Quem é André Corrêa do Lago
Bacharel em economia e neto do ex-diplomata Oswaldo Aranha, André Corrêa do Lago entrou na carreira diplomática em 1982. Na Secretaria de Estado, em Brasília, serviu nas embaixadas em Madri, Praga, Washington e Buenos Aires e na Missão junto à União Europeia, em Bruxelas.
Também foi diretor do Departamento de Energia (2008-2011) e do Departamento de Meio Ambiente (2011-2013), período em que foi o negociador-chefe do Brasil para mudança do clima (2011-2013) para a Rio+20 (2011-2012). Foi embaixador no Japão (2013-2018), na Índia (2018-2023) e, cumulativamente, no Butão (2019-2023). Desde março de 2023, é o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores.
Além disso, é membro do júri, há três anos, do prêmio Pritzker, a principal honraria da arquitetura mundial.