BRASÍLIA - A eleição interna do PT foi realizada no domingo (6), mas o partido ainda não tem previsão de divulgar quem foi eleito como o novo presidente nacional do partido. O entrave foi causado pela judicialização da disputa em Minas Gerais pela deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG), que adiou a votação no estado responsável por cerca de 10% dos votos de todo o país.
Há uma expectativa de que o resultado saia nesta segunda-feira (7), mas ainda sem qualquer confirmação oficial. A divulgação depende da apuração de todos os votos válidos para saber se há margem para declarar um vencedor sem os votos dos filiados mineiros. Caso contrário, será preciso aguardar a eleição acontecer em Minas.
São quatro candidatos disputando o cargo de presidente nacional do PT: Romênio Pereira, Rui Falcão, Valter Pomar e Edinho Silva. Este último, inclusive, é o candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que registrou seu voto no início da manhã em um hotel no Rio de Janeiro, antes dos compromissos na cúpula do Brics.
A votação foi feita por cédula de papel, com depósito em urna própria do partido. Em todo o país, puderam votar mais de 2,9 milhões de filiados. Além da escolha nacional, houve disputa para o comando de diretórios estaduais.
Na noite de domingo (6), o presidente interino da sigla, Humberto Costa, afirmou que judicializar a disputa interna do partido é um "equívoco" e "completamente inaceitável". Ele citou que, no passado, o partido foi "muito firme" e "absolutamente intolerante" com a judicialização de decisões internas.
“Não sei como vai agir agora, mas no passado sempre foi muito duro”, acrescentou, sem descartar sanções para Dandara pela situação, citando que casos semelhantes já foram levados à Comissão de Ética da sigla. “Vamos ver, não vou antecipar. Terça-feira essa discussão pode ser feita. Não vou dizer nada [sobre punições]", declarou.
Dandara Tonantzin (PT-MG), que disputa o comando do partido em Minas, levou o caso para a Justiça para garantir sua candidatura. Ela havia sido impedida de concorrer por decisão majoritária da Executiva e do Diretório Nacional do PT por conta de uma dívida partidária de R$ 124,9 mil não quitada no prazo.
A deputada alega que fez o pagamento do boleto dentro do prazo exigido para inscrição de chapas no processo, mas uma falha bancária resultou no estorno dos valores. Dandara alegou que o problema foi corrigido assim que foi notificado pelo banco, e refez o pagamento. No sábado (5), ela conseguiu uma liminar na Justiça garantindo sua candidatura, o que levou ao adiamento da eleição em Minas Gerais.
“É verossímil, desse modo, a alegação da autora de que o pagamento do segundo boleto não se concretizou por falha interna da instituição financeira”, entendeu o juiz Jerônimo Grigoletto Goellner, da 17ª Vara Cível de Brasília. Ele acrescentou que houve “boa-fé” de Dandara "porque logo em seguida ela efetuou uma transferência bancária [...] no mesmo valor daquele segundo boleto”.
Dandara e Leninha são os principais nomes na disputa atualmente. Também são candidatos à presidência do diretório estadual do PT de Minas: Esdras Juvenal, que foi candidato do PT em Iturama, no Triângulo; e Juanito Vieira, vinculado ao PT de Juiz de Fora, na Zona da Mata.