BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que é preciso “espaço fiscal” para investir em soluções para os problemas da saúde, durante discurso na última sessão plenária da cúpula do Brics, que discute meio ambiente, COP30 e saúde global, nesta segunda-feira (7).
A fala acontece no momento em que, internamente, o governo encontra dificuldades de avançar no Congresso com medidas de ajuste fiscal que miram o aumento da arrecadação, como o reajuste do IOF, que será decidido no Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente também fez críticas aos países desenvolvidos, o “Norte Global”, em relação aos investimentos em saúde e erradicação de doenças em regiões mais pobres.
“A saúde global é afetada pela pobreza e o unilateralismo. [...] Muitas das doenças que matam milhares em nossos países, como mal de Chagas e a cólera, já teriam sido erradicadas se atingissem o Norte Global. Implementar o ODS 3, saúde e bem-estar, requer espaço fiscal. Não há direito à saúde sem investimento em saneamento básico, alimentação adequada, educação de qualidade, moradia digna, trabalho e renda”, disse.
Lula também afirmou que é o momento de o chamado Sul Global liderar “um novo paradigma de desenvolvimento”. Um dos principais focos da política externa do governo, o Sul Global reúne países em desenvolvimento que buscam maior influência na geopolítica do planeta.
“O Sul Global tem condições de liderar um novo paradigma de desenvolvimento sem repetir os erros do passado. Não seremos simples fornecedores de matéria-prima. Precisamos acessar e desenvolver tecnologias que permitam acessar todas as etapas das cadeias de valor”, apontou.
O presidente brasileiro ainda criticou incentivos dados por grandes empresas à emissão de fontes não-renováveis de energia e defendeu a busca por fontes alternativas para o financiamento climático, uma das prioridades da COP30, que acontece em Belém, no mês de novembro.
“80% das emissões de carbono são produzidas por menos de 60 empresas. A maioria atua nos setores de petróleo, gás e cimento. Os incentivos dados pelo mercado vão na contramão da sustentabilidade. Em 2024, os 65 maiores bancos do mundo se comprometeram a conceder 869 bilhões de dólares para o setor de combustíveis fósseis”, comentou.