BRASÍLIA - O ministro Fernando Haddad indicou erros no setor de comunicação do governo Lula (PT) ao mencionar as polêmicas em relação às medidas econômicas. A declaração feita nesta terça-feira (7) ocorre em meio à iminente demissão do ministro Paulo Pimenta da Secretaria de Comunicação (Secom) do Palácio do Planalto, e a substituição dele pelo marqueteiro Sidônio Palmeira.
"Tivemos um problema grave de comunicação", declarou o ministro à GloboNews enquanto analisava o cenário conturbado atravessado pela alta do dólar e pela pressão para contenção de gastos. "Temos que nos comunicar melhor. O governo precisa ser coerente e resoluto. Não podemos deixar brechas para os resultados que queremos atingir", completou.
O ministro também relembrou a declaração de sete minutos em cadeia nacional de TV e rádio, quando apresentou o pacote fiscal de contenção de gastos e revelou a política de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil. O anúncio conjunto dos temas gerou indisposição no mercado e também críticas ao Palácio do Planalto. "Talvez o tempo de maturação das medidas tenha sido excessivo e gerado expectativas frustradas", analisou.
Ainda em relação ao cenário econômico do país, Haddad indicou que o déficit primário do Brasil ficará em 0,1%, desconsiderados os impactos da tragédia do Rio Grande do Sul, e que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será de 3,6%.
Ele avaliou bem a situação fiscal do país, mas, declarou que a decisão do Congresso Nacional de rejeitar Medidas Provisórias do Palácio do Planalto impactaram negativamente a economia — a principal delas encerrava a política que concedia desoneração para 17 setores econômicos. "Estamos em uma democracia, felizmente, e vamos ter que conviver com esse tipo de contratempo", disse.
O ministro, inclusive, transferiu para o Congresso a pressão para votar os projetos que tratam da aposentadoria dos militares e da limitação dos supersalários. "Não foi votado no ano passado, mas temos o compromisso das duas Casas [Câmara dos Deputados e Senado Federal] de que, assim que as mesas estiverem instaladas, vão ser debruçar sobre esses temas", indicou. Haddad também disse que se relaciona bem com os favoritos para as presidências da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).