BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez afagos ao presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em meio à continuidade do aumento da taxa de juros desde que o atual chefe do BC assumiu o cargo, em janeiro deste ano.
Na cerimônia de lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, nesta segunda-feira (30), o petista manteve o discurso otimista sobre uma possível queda na taxa Selic. "Eu gostaria que todos os juros fossem zero, mas ainda não depende da nossa política econômica que não tem muito a ver com a taxação de juros".
"O Banco Central é independente, o Galípolo é um presidente muito sério. E eu tenho certeza de que as coisas vão ser corrigidas com o passar do tempo. Nós sabemos o que nós herdamos e nós não queremos ficar chorando o que nós herdamos", disse.
Em junho, o BC elevou pela sétima vez seguida a taxa de juros, que chegou a 15%. É o quarto aumento seguido na gestão de Gabriel Galípolo, que foi indicado por Lula. Com o incremento de 0,25 ponto percentual, a Selic alcançou seu maior patamar dos últimos 19 anos.
Durante o mandato de Roberto Campos Neto, que tinha sido indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula apontava o então chefe do BC como principal culpado pelo ciclo de altas. A decisão foi alvo de críticas dentro do PT e entre os ministros do governo do petista.
O líder do partido na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), classificou o aumento como “indecente e proibitivo” em publicação nas redes sociais. “Falam muito de ajuste fiscal e da dívida pública. Mas o crescimento da dívida não vem dos programas sociais com saúde ou educação — vem do pagamento de juros”, escreveu
O Copom elevou a Selic com posição unânime dos diretores. Na reunião anterior, em maio, o Banco Central indicou que havia possibilidade de interromper o ciclo de alta dos juros; mas, a opção dos diretores foi aumentá-la para conter a inflação.
A perspectiva é que os aumentos sejam interrompidos a partir de agora, e a Selic permaneça nesses 15% pelo resto do ano. Possíveis reduções no índice, como desejam Lula e boa parte dos governistas, devem ficar para 2026.