BRASÍLIA – A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) foi uma das ausências mais sentidas na manifestação comandada pelo marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no último domingo (29), na Avenida Paulista, em São Paulo. Outro ausente foi o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

Segundo o líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), ela estava em um evento do PL Mulher em Roraima, que não foi anunciado nas redes sociais. Michelle é cotada como aposta da direita como candidata à Presidência da República em 2026, diante da inelegibilidade do marido até 2030.

Já Nikolas Ferreira não compareceu ao protesto de domingo porque foi ao casamento de uma prima em Belo Horizonte (MG). Em atos anteriores na Avenida Paulista, o deputado fez alguns dos discursos mais duros, todos com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Até a manhã de domingo, os nomes de Michelle e Nikolas estavam na lista de oradores do ato, que tinha como principal alvo o STF, suas recentes decisões sobre as redes sociais e o julgamento em andamento sobre a suposta trama golpista após as eleições de 2022.

Também não foram à Paulista os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), ambos cotados como pré-candidatos a presidente em 2026. Ratinho está de férias com a família visitando países da Ásia. Caiado estava no Brasil.

Dos Estados Unidos, onde está em autoexílio desde março, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, divulgou um vídeo nas redes sociais comentando as manifestações e pedindo atenção aos “detalhes”.

Entre outras coisas, sem citar nomes, Eduardo pediu para seguidores prestarem atenção a “quem compareceu, quem não compareceu, como é que foram os discursos, quem é que faz o embate”. Ele também é cotado como possível sucessor do pai em uma disputa presidencial em 2026.

“Essa é uma grande oportunidade para você aprender, porque foi ali um palco, não somente por um grito de liberdade, mas também um evento que não deixa de ser político. Então é para você acompanhar a política de perto, porque quem não escuta ‘cuidado’, depois ouve ‘coitado’”, disse.

Bolsonaro fará novo ato na Avenida Paulista em 7 de setembro 

Líder do PL na Câmara, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou nesta segunda-feira (30) que haverá nova manifestação na Avenida Paulista com Jair Bolsonaro em 7 de setembro. 

Sóstenes deu a informação em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ao ser questionado sobre a baixa adesão ao ato realizado no domingo, que, segundo o Monitor do Debate Político do Cebrap, teve 12,4 mil pessoas no momento de maior público. 

No protesto anterior na Avenida Paulista, em abril, foram contabilizados 44,9 mil manifestantes. Já em fevereiro do ano passado, no mesmo local, o monitor estimou 185 mil pessoas na manifestação em defesa de Bolsonaro.

“Eu sempre digo que não entro nesse debate. Cada um apresenta o seu número. O que importa é que o recado foi muito claro, quando você olha qualitativamente, como numa pesquisa que analisa aspectos quantitativos e qualitativos. Eu vi pessoas com cartazes dizendo ‘Justiça Já’”, disse.

Sóstenes também foi questionado sobre rumores de que lideranças do Centrão estariam pressionando Bolsonaro a desistir de uma nova candidatura. O deputado alegou que o ex-presidente mantém liderança incontestável dentro da direita.

“Ele se tornou o maior líder político e carismático do Brasil com sua personalidade forte. Ninguém vai forçá-lo a tomar uma decisão. Temos convicção: o nosso plano A é Jair Bolsonaro. Não temos alternativa a ele. As penas impostas, que hoje o impedem de ser candidato, são, na nossa avaliação, injustas”, afirmou Sóstenes.

No entanto, ele reconheceu que o PL tem alternativas viáveis, caso o ex-presidente permaneça inelegível e seja eventualmente condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por causa da suposta trama golpista. “Temos vários governadores que podem suceder Bolsonaro: Tarcísio (de Freitas, São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais) e outros”, disse.