BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou no fim da tarde deste domingo (13/7) uma reunião com ministros do governo no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, para tratar sobre o decreto de reciprocidade que deve ser publicado na terça-feira (15/7).

A medida será um dos instrumentos que pode ser usado pelo Brasil para reagir à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% os produtos brasileiros importados. O decreto vai regulamentar a lei da reciprocidade aprovada em abril deste ano no Congresso que permite que o Brasil retalie medidas econômicas unilaterais.

Estavam presentes no encontro o vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin; o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann; o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a Secretária-Geral do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, além do líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA).

Mais cedo, Alckmin já havia afirmado que o governo federal vai editar, até terça-feira (15/7), o decreto que regulamenta a lei da reciprocidade.

Outro assunto da reunião foi a criação de um comitê para acompanhar a situação entre Brasil e Estados Unidos, com a participação de empresários, anunciada pelo presidente Lula. A expectativa é de que o grupo seja formalizado na segunda-feira (14/7).

“Vamos criar um comitê, e os empresários vão participar, que a gente vai acompanhar dia a dia para repensar a política comercial com os Estados Unidos”, afirmou, em entrevista à TV Record, no último dia 10. 

O governo, no entanto, não descarta a via do diálogo diplomático e deve continuar com as negociações. "Depois que se esgotarem as negociações, o Brasil vai aplicar a lei da reciprocidade. E os empresários, eu espero que estejam aliados ao governo brasileiro. Porque se existir algum empresário que acha que o governo brasileiro tem que ceder e fazer tudo o que o presidente de outro país quer, sinceramente, esse cidadão não tem nenhum orgulho de ser brasileiro", destacou Lula, em entrevista à TV Globo, no último dia 10.

"O que eu vou fazer na verdade: não perco a calma e não tomo decisão com 39 graus de febre. O Brasil utilizará a lei da reciprocidade, quando necessário. E o Brasil vai tentar junto à OMC (Organização Mundial do Comércio) e outros países, tentar fazer com que a OMC tome uma posição para saber quem está certo e quem está errado. A partir disso, se não houver solução, nós vamos entrar com a reciprocidade já a partir de 1ª de agosto”, afirmou.

Entenda

Na última quarta-feira (9), o presidente norte-americano Donald Trump endereçou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que impunha uma sobretaxa de 50% sobre todas as exportações brasileiras nos Estados Unidos a partir de 1º de agosto. Ele ainda ameaçou o país a não retaliar e fez exigências.

No informe, Trump cita nominalmente Bolsonaro e diz que o ex-presidente sofre uma "caça às bruxas". O norte-americano também criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e atacou as decisões da Corte contra plataformas digitais que não cumprem a legislação brasileira - a exemplo de Rumble e X, que são norte-americanas.

Horas depois, o presidente Lula reagiu e publicou uma nota garantindo que o aumento das tarifas sobre os produtos brasileiros será respondido com a Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao Brasil adotar medidas contra países que impõem tarifas unilaterais.