BRASÍLIA - A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro divulgou uma carta pública ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Ela leu a carta durante um evento no Acre, no sábado (12/7).
Em seu discurso, Michelle pediu que Lula “hasteie a bandeira do diálogo e da paz”. Ao anunciar as sanções ao Brasil, Trump saiu em defesa de Bolsonaro, que responde por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Você precisa deixar o seu desejo de vingança de lado. Você precisa parar de se juntar aos movimentos terroristas e aos ditadores. A imagem de um Brasil pacífico e de progresso está destruída porque você está se juntando a essas pessoas e arrastando o Brasil para o buraco!”, afirma Michelle.
A ex-primeira-dama alega que o tipo de sanção ao qual o Brasil foi alvo “só foi aplicada a países reconhecidos como ditaduras”, e que o presidente se guia “por ideologias doentias e pelo desejo de vingança”.
“O Brasil está assistindo e esperando um gesto de lucidez que realmente possa trazer paz ao nosso país. É hora de baixar as armas da provocação; cessar os tambores de ofensas e hastear a bandeira do diálogo e da paz”, afirma.
Veja a íntegra abaixo:
A SITUAÇÃO ATUAL DO BRASIL E AS SANÇÕES AMERICANAS
1. Presidente Lula, esse tipo de sanção, até hoje, só foi aplicada a países reconhecidos como ditaduras. O Brasil vive um período muito difícil com relação aos direitos fundamentais. Há uma ditadura disfarçada de democracia! Os ditadores agem como uma cobra traiçoeira que se enrola devagar e sufoca a sua vítima. Quando ela percebe, é tarde demais!
2. Lula, você precisa parar de se guiar por ideologias doentias e pelo desejo de vingança. É preciso governar para obter o que é melhor para o povo e para o Brasil. Chega de ódio e de irresponsabilidade.
3. Lula, pare com as suas provocações em seus atos e palavras. O Brasil não precisa de discursos cheios de raiva; o nosso povo precisa cuidado e de um governo responsável. Abandone as perseguições e comece a trabalhar pela unidade e pela verdadeira liberdade do nosso povo. Dá tempo!
4. Lula, você precisa parar de transferir a responsabilidade dos seus atos, apontando culpados para desviar a atenção das pessoas. É tempo de assumir os erros, de se arrepender, de pensar no povo e tentar salvar o que ainda é possível salvar para o bem do país inteiro.
5. Lula, chegou a hora de baixar as armas! Você precisa deixar o seu desejo de vingança de lado. Você precisa parar de se juntar aos movimentos terroristas e aos ditadores. A imagem de um Brasil pacífico e de progresso está destruída porque você está se juntando a essas pessoas e arrastando o Brasil para o buraco!
6. Presidente Lula, o senhor tem a oportunidade de evitar essas sanções! Não queira imitar Cuba e Venezuela. Veja como o povo desses países sofrem! Não queremos isso para o nosso amado Brasil.
7. Lula, pelo bem do Brasil e dos brasileiros, abandone essa tendência ditatorial e pense no bem do nosso amado povo, das nossas famílias. Comece, agora, a corrigir os graves erros do seu governo. Ainda é tempo!
8. O Brasil está assistindo e esperando um gesto de lucidez que realmente possa trazer paz ao nosso país. É hora de BAIXAR AS ARMAS DA PROVOCAÇÃO; CESSAR OS TAMBORES DE OFENSAS e HASTEAR A BANDEIRA DO DIÁLOGO E DA PAZ.
Todo poder vem de Deus, mas ai daquele que o usa para oprimir os inocentes!
Que Deus abençoe o amado povo brasileiro!
Bolsonaro defende anistia como resposta a Trump
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 como solução para evitar impactos econômicos ao Brasil, após o tarifaço de Donald Trump às exportações brasileiras com destino aos Estados Unidos. No entanto, Bolsonaro fez questão de destacar que “não se alegra” com sanções pessoais ou familiares impostas por outros países.
"A carta do Presidente @realDonaldTrump tem muito mais, ou quase tudo, a ver com valores e liberdade, do que com economia. Não me alegra ver sanções pessoais, ou familiares, a quem quer que seja. Não me alegra ver nossos produtores do campo ou da cidade, bem como o povo, sofrer com essa tarifa de 50%”, escreveu Bolsonaro, em publicação na rede X, no sábado (12/7).
“Todos conhecem a forma como o chefe da maior potência do mundo negocia. Há pouco seu vice disse na Europa que não mais colocaria recursos do contribuinte americano para defender países que deixaram de lado valores comuns a seus povos. O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1° de agosto”, continuou o ex-presidente.
Segundo Bolsonaro, o caminho para a pacificação institucional e que pode abrir espaço para a solução do impasse com o governo norte-americano passa pela anistia, o que também beneficia ele: “A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia também a paz para a economia”.
Entenda
Na última quarta-feira (9), o presidente norte-americano Donald Trump endereçou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que impunha uma sobretaxa de 50% sobre todas as exportações brasileiras nos Estados Unidos a partir de 1º de agosto. Ele ainda ameaçou o país a não retaliar e fez exigências.
No informe, Trump cita nominalmente Bolsonaro e diz que o ex-presidente sofre uma "caça às bruxas". O norte-americano também criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e atacou as decisões da Corte contra plataformas digitais que não cumprem a legislação brasileira - a exemplo de Rumble e X, que são norte-americanas.
Horas depois, o presidente Lula reagiu e publicou uma nota e garantiu que o aumento das tarifas sobre os produtos brasileiros será respondido com a Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao Brasil adotar medidas contra países que adotam tarifas unilaterais. A regulamentação deve ser publicada nesta terça-feira (15).