Em reportagem publicada nesta terça-feira (19), o New York Times (NYT), mais respeitado jornal norte-americano, disse que diplomatas estrangeiros temem que o presidente Jair Bolsonaro possa tentar dar um golpe de Estado caso perca as eleições presidenciais deste ano.
O periódico norte-americano alertou que a situação ficou ainda mais evidente e preocupante após a reunião do presidente brasileiro com embaixadores estrangeiros, nesta segunda-feira (18).
Na ocasião, Bolsonaro questionou, sem apresentar provas, a integridade do sistema eleitoral brasileiro e atacou ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além de enaltecer a importância e a força dos militares no governo dele.
Ao NYT, dois embaixadores que participaram do encontro disseram que se sentiram 'incomodados' depois que o mandatário brasileiro sugeriu que militares deveriam participar do processo eleitoral do país, uma forma de “garantir eleições seguras”, em suas palavras.
A reportagem diz que Bolsonaro “parece estar aderindo ao plano de Donald Trump”.
“Assim como Trump, Bolsonaro parece estar desacreditando a votação antes que ela aconteça, em um suposto esforço para aumentar a confiabilidade e a transparência”, afirmou o jornal norte-americano.
Após ser derrotado por Joe Biden na última corrida presidencial dos Estados Unidos, o republicano disse que 8 milhões de votos irregulares foram contabilizados para seu concorrente.
Trump, porém, nunca apresentou provas da fraude. Mesmo assim, diversos de seus apoiadores acabaram invadindo o Capitólio. O ato violento culminou na morte de cinco pessoas.
“Assim como Trump antes das eleições de 2020 nos Estados Unidos, Bolsonaro está atrás nas pesquisas”, ressaltou trecho da reportagem do NYT.
Veículos destacam ausência de provas
Outros veículos de comunicação estrangeiros repercutiram mal a reunião convocada por Bolsonaro.
O serviço de notícias norte- americano Bloomberg classificou os questionamentos de Bolsonaro como “velhas e refutadas teorias da conspiração”.
“Bolsonaro, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em todas as pesquisas de opinião, repetidamente questionou a confiabilidade do sistema de votação eletrônica do Brasil, até mesmo alegando sem provas que sua eleição de 2018 foi fraudada e que ele deveria ter vencido no primeiro turno”, disse a reportagem.
O costarriquenho La Nación destacou o fato de não haver provas que fundamentem o discurso de Bolsonaro contra as urnas.
O La República, da Colômbia, noticiou que o presidente brasileiro compartilhou sua “preocupação” com diplomatas e que ele tem questionado “repetidamente” o sistema de votação do país. A publicação ainda lembrou que a Argentina, governada pelo esquerdista Alberto Fernández, não foi representada no encontro. (Com Estadão Conteúdo)
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