'Carnaval Plural e com Fomento pra Geral'

Carnaval em Belo Horizonte: 66 blocos assinam manifesto contra governo Zema

No documento enviado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e à Defensoria Pública do Estado, os blocos questionam “uma série de condutas questionáveis do governo

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 27 de janeiro de 2024 | 13:21
 
 
 
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Um manifesto assinado por 66 blocos de Belo Horizonte foi enviado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e à Defensoria Pública do Estado questionando “uma série de condutas questionáveis” do governo de Minas Gerais, inclusive “para alimentar disputas eleitorais com base na festa”. O documento é intitulado “Por um Carnaval Plural e com Fomento pra Geral”. 

No texto, os carnavalescos criticam a ações da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Neste mês, policiais usaram spray de pimenta para conter foliões em uma briga que teria ocorrido durante um bloco. Para eles, o governador Romeu Zema (Novo) e o vice-governador, Mateus Simões (Novo) deram “total liberdade para a atuação agressiva da polícia militar”. 

O manifesto também questiona a destinação de recursos das Leis de Incentivo à Cultura que, segundo os blocos, estão sendo usados para autopromoção do governo. “Neste contexto, o governo estadual vem atuando para alimentar disputas eleitorais com base na festa, adotando uma série de condutas questionáveis”, diz a nota.

O trecho se refere a uma briga pública que Simões e o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), têm travado desde a última semana. Na prática, tem ocorrido um embate público para defender quem tem contribuído de fato para a organização e aos investimentos das administrações públicas no Carnaval da capital mineira. 

No documento também há uma reclamação sobre a promoção dada para a festa na capital do Estado. “Buscam transformar o Carnaval em uma peça de publicidade turística, atraindo de forma irresponsável um número enorme de pessoas para a festa, sem considerar a capacidade da cidade para recebê-las, desrespeitando moradores e foliões”. 

Nesse sentido, os blocos pedem para o MPMG e a Defensoria que os recursos públicos destinados pelo Governo do Estado ao carnaval de BH sejam distribuídos por meio de mecanismos transparentes; que apurem possíveis irregularidades no direcionamento dos recursos; que o poder público e sociedade civil definam as diretrizes da folia na capital mineira, e que tomem medidas preventivas para coibir possíveis abusos e arbitrariedades de conduta policial.

O manifesto também solicita que haja um esforço articulado entre poder público e sociedade civil junto à iniciativa privada “para pressionar, sobretudo os segmentos que mais lucram com o Carnaval, como as grandes marcas de bebidas, empresas de transporte e o grande setor hoteleiro e de alimentação, para que invistam diretamente nos blocos de rua e em infraestrutura para a cidade parte dos recursos que a festa gera na sua realização”. 

Procurado, governo de Minas responde

Procurada, a assessoria de imprensa do governo de Minas Gerais disse que busca, por meio de diferentes ações, fortalecer o Carnaval do Estado como um grande atrativo de turistas, gerando emprego e renda para os mineiros e “potencializando essa festa popular tão significativa para diferentes cidades do país”. 

Ainda segundo a nota, neste ano, o Estado “aumentou os investimentos e realiza campanhas, para que a festa fique melhor, diversificada e atrativa”. E que, além disso, trabalha com uma política de descentralização da folia com 140 projetos com temáticas carnavalescas de diversas regiões do Estado aprovados na Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LeiC) com potencial de captação de R$ 39 milhões. 

“Além disso, a nova sonorização do Carnaval de BH, que irá modernizar a folia na capital mineira em duas avenidas, também foi viabilizada via Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Pelos mecanismos de fomento da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e Fundo Estadual de Cultura em 2024, o Carnaval ganhará investimentos e incentivos de, pelo menos, R$ 13 milhões, valor que contempla mais de 30 projetos de todas as regiões de Minas Gerais”, diz a nota. 

Ainda segundo o governo, o Carnaval em Minas Gerais no ano passado “foi apontado como um dos mais seguros do país, graças ao incansável trabalho das Forças de Segurança do Estado”, com redução de 75,2% no número de roubos no comparativo com o Carnaval de 2020, último antes da pandemia de Covid-19. Foram 149 ocorrências em 2023 contra 603 registradas  anteriormente.  

Já os homicídios, segundo o Estado, apresentaram redução de 47,8%, passando de 40 casos (2020) para 21 (2023). “Alvo de diversas campanhas de conscientização, o crime de importunação sexual também diminuiu. Foram 38 ocorrências contra 51 registrados em 2020, uma redução de 25%”.

A assessoria do governo pontuou, por fim, que “em uma democracia, é natural que haja manifestações de todos os tipos, e o Carnaval de Minas Gerais tem como princípio ser uma festa que escute e respeite a opinião de todos, mesmo quando não se trata de posicionamento predominante”.

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