Governo

Exército não fará cerimônia para comemorar golpe de 1964

O ato deixou de ser realizado em 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso, e foi retomado pelo então presidente Jair Bolsonaro no primeiro ano de seu governo, em 2019

Por Renato Alves
Publicado em 01 de março de 2023 | 14:20
 
 
 
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O Exército não divulgará mais a mensagem referente ao aniversário do golpe militar, no dia 31 de março. O comandante da Força, general Tomás Paiva, diz que o “normal” é não haver qualquer leitura da ordem do dia sobre a data, quando, em 1964, ao derrubar um presidente democraticamente eleito por meio das urnas, militares instauraram uma ditadura, regime que perdurou até 1985.

A informação foi divulgada pela colunista Carla Araújo, do UOL, e confirmada por integrantes da cúpula das Forças Armadas. No governo Lula não há intenção alguma de a pasta emitir qualquer manifestação sobre o tema. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse a aliados que o gesto faz parte do processo de pacificação da relação das Forças Armadas com o governo.

Nesta quarta-feira (1º), a deputada federal pelo Paraná Gleisi Hoffmann, que é presidente nacional do PT, se manifestou pelo Twitter: “Ótima notícia de que o Exército vai acabar com a esdrúxula mensagem do golpe militar no dia 31 de março. Isso nunca foi normal e o seu fim faz um bem à democracia. A verdade e a memória dessa época devem ser lembradas com repúdio para que nunca mais aconteça.”

Mensagem sobre o golpe se tornou obrigatória no governo Bolsonaro

A mensagem deixou de ser divulgada em 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso, e foi retomada pelo então presidente Jair Bolsonaro no primeiro ano do seu governo, em 2019, com cerimônia de meia hora, no Comando Militar do Planalto, com a presença do comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, e outras autoridades militares. 

Apesar da recomendação do Ministério Público Federal para que o golpe de 1964 não fosse comemorado, o Exército decidiu seguir a determinação do presidente Jair Bolsonaro, e “rememorou” os 55 anos do golpe, tratado na cerimônia como um “momento cívico-militar”.

O texto foi divulgado pelo Ministério da Defesa por determinação de Bolsonaro nos quatro anos da sua gestão. O hoje ex-presidente é capitão reformado do Exército, de onde chegou a ser expulso por envolvimento em um plano para atacar quartéis, durante um movimento por maiores salários. Ele sempre elogiou ditaduras militares e disse ter ditadores e torturadores como ídolos.

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