1º DE MAIO

Lula culpa taxa básica de juros como 'parte responsável' pelo desemprego no país

A presença de Lula no evento ocorre um dia após pronunciamento do petista em cadeia nacional de rádio e televisão, em que oficializou o aumento real do salário mínimo e da faixa de isenção do imposto de renda

Por Manuel Marçal
Publicado em 01 de maio de 2023 | 13:19
 
 
 
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar, durante ato das centrais sindicais nesta segunda-feira, 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador, em São Paulo, a taxa básica  de juros, fixada em 13,75% pelo Banco Central. Além disso, associou o atual patamar como “responsável em parte” pela situação de desemprego no Brasil.  

“A gente não pode mais aceitar a ideia que você está num restaurante e alguém lhe ofenda, a gente não pode aceitar a ideia de que é proibido dizer que é de esquerda neste país. Não podemos mais viver num país em que a escola não é levada a sério; o emprego não é levado a sério pelos governantes, onde a taxa de juros não controla a inflação, ela controla, na verdade o desemprego, porque ela é responsável por uma parte da situação em que estamos vivendo hoje”, declarou. 

A crítica faz parte dos embates que perduram há meses entre o governo federal e o Banco Central, sob comando de Roberto Campos Neto. Na última terça-feira (25), durante audiência no Senado, o presidente da autoridade monetária se defendeu ao dizer que o combate à inflação é o melhor instrumento social que existe e negou que o Brasil esteja afundando em recessão.

Campos Neto disse ainda, naquela ocasião, ver o debate sobre os juros como "meritório" e negou que o BC seja culpado pelas mazelas do Brasil. O presidente da instituição afirmou também que a autoridade monetária está "no mesmo barco que o governo", tentando achar soluções para os problemas do país.

As críticas à taxa de juros tiveram forte espaço no ato do Dia do Trabalhador pelas centrais sindicais, em São Paulo. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, afirmou que a partir de terça-feira (2), "o movimento sindical estará em luta permanente pela redução da taxa de juros no País". Assim como outras lideranças, Sérgio Nobre elogiou as medidas de Lula e seus 100 primeiros dias de governo.

Estudo para isenção do IR da PLR dos trabalhadores


Durante o ato com as centrais sindicais em São Paulo, o presidente Lula afirmou ainda que o governo estuda isentar da cobrança do Imposto de Renda (IR) a participação nos lucros paga aos trabalhadores. Segundo o petista, o tema está sendo analisado pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Lula chamou de "absurdo" o pagamento de imposto sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). "Se o patrão não paga imposto de renda sobre lucro e dividendo, por quê os trabalhadores têm que pagar imposto no PLR? Estamos estudando, quem sabe para o próximo ano. O trabalhador não pode pagar imposto de renda sobre a participação dele no lucro da empresa", reclamou. 

O mandatário declarou que o fim da cobraça do imposto no PLR foi um pedido das centrais sindicais em reunião com ele e com Fernando Haddad.

A presença de Lula no evento ocorre um dia após pronunciamento do petista em cadeia nacional de rádio e televisão em que ele anunciou a oficialização do reajuste do salário mínimo dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320, a partir desta segunda-feira.O mandatário também anunciou que a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda para dois salários mínimos, equivalente a R$ 2.640.

O mandatário também tratou sobre a regulação da relação de trabalho entre prestadores de serviço e plataformas de aplicativo.“Nós vamos voltar a criar emprego. Não tem problema o cara trabalhar em aplicativo, porque em muitos casos, o cara não quer assinar a carteira. Não tem problema. Mas o que nós queremos garantir é que a pessoa que trabalha com aplicativo, ela tenha um compromisso de seguridade social”, disse.

Nesta segunda-feira (1º), foi instituído o grupo de trabalho, no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego, para tratar do tema. O GT tem 45 membros, entre representantes do governo federal, da classe trabalhadora e dos empregadores. A comissão terá 145 dias, prorrogável por igual período, para elaborar uma proposta.

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