Política externa

Lula parabeniza Putin por reeleição contestada e PT fala em 'feito histórico'

A maioria dos países do Ocidente diz que as eleições russas não foram livres nem justas. Os principais oposicionistas foram presos ou mortos

Por Renato Alves
Publicado em 21 de março de 2024 | 11:07
 
 
 
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores (PT) cumprimentaram, por meio de cartas, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pela reeleição. A maioria dos países do Ocidente diz que as eleições russas não foram livres nem justas. Os principais oposicionistas foram presos ou mortos. Já a imprensa é mantida sob controle pelo regime.

O Palácio do Planalto não divulgou a carta de Lula. O envio do documento foi confirmado pela a Secretaria de Comunicação (Secom). Segundo assessores do presidente, ele apenas retribuiu as felicitações enviadas por Putin por ocasião da sua vitória em 2022. 

No início do mandato, Lula chegou a culpar a Ucrânia pela invasão da Rússia em fevereiro de 2022. Diante da péssima repercussão, o brasileiro moderou o discurso e nunca mais criticou a Ucrânia pela guerra ainda em andamento. Também tentou criar um grupo de países neutros para intermediar negociações de paz.

O Itamaraty não divulgou nota sobre o processo eleitoral russo, algo comum em relação a processos eleitorais estrangeiros. Já o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que as eleições na Rússia aconteceram em um clima de “tranquilidade”, mas não parabenizou Putin. 

“Recebi a notícia do resultado da reeleição do presidente Putin. Não tive ocasião de examinar e ver todos os detalhes. Sei que havia observadores internacionais de muitas entidades e de mais de 30 países”, disse o chanceler à CBN. “Espero receber mais informações, mas creio que foi uma eleição que transcorreu em um clima de tranquilidade doméstica, pelo que fui informado até agora”, emendou.

PT fala em “feito histórico”

O PT celebrou mais uma vitória de Putin, que teve 87% dos votos, dez pontos percentuais a mais do que em 2018. Eleito pela quinta vez para um mandato de seis anos, ele vai se tornar o mais longevo a comandar o país, desde o ditador Josef Stalin, da época da União Soviética – no poder há 24 anos, Putin pode chegar a 30. 

Os outros três candidatos na última eleição russa eram todos deputados fiéis a Putin, que, entre outros temas, votaram a favor da guerra na Ucrânia no Parlamento (sinal de alinhamento a Putin) e já fizeram declarações públicas de apoio ao presidente. O maior adversário de Putin, Alexei Navalny, líder da oposição, morreu em uma prisão no Ártico em fevereiro. Outros críticos estão na prisão ou no exílio.

A votação que deu mais seis anos de mandato a Putin durou três dias e terminou no último domingo (18), com comparecimento recorde de 74,22% de russos às urnas, segundo a Comissão Eleitoral Central (CEC).

“Esse feito histórico ressalta a importância do voto voluntário na Rússia”, diz trecho da nota publicada no site do PT e assinada pelo secretário de Relações Internacionais do partido, Romênio Pereira.

Confira abaixo a íntegra da nota do PT:

“Acompanhamos com grande interesse o desenrolar do recente processo eleitoral presidencial na Rússia, que resultou na reeleição do Presidente Vladimir Putin. Com uma participação impressionante de mais de 87 milhões de eleitores, representando 77% do eleitorado do país, esse feito histórico ressalta a importância do voto voluntário na Rússia. Parabenizamos o Partido Russia Unida pelo resultado expressivo que garantiu a vitória do Presidente Putin com mais de 87% dos votos. Renovamos nosso compromisso em fortalecer nossos laços de parceria e amizade, trabalhando juntos rumo a um mundo mais justo, multilateral e plural. Enviamos nossas calorosas saudações à Rússia e seu povo neste momento importante e especial para o país.”


 

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