Em Davos

Marina Silva: 'Vamos aplicar todos os esforços para estabilizar a democracia'

Ministra do Meio Ambiente afirmou que 'não é confortável ter uma oposição extremista' e que fenômeno radical ultrapassa as fronteiras do Brasil

Por Lucyenne Landim
Publicado em 17 de janeiro de 2023 | 09:57
 
 
 
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A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, falou em situações que desestabilizam democracias ao citar o atentado com invasão e depredação aos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF).

O ato foi promovido por bolsonaristas radicais no dia 8 de janeiro. Na avaliação dela, "não é confortável para nenhum governo ter uma oposição de extremistas".

"Por outro lado, o governo brasileiro tem a compreensão de que não é um fenômeno só do Brasil. Esse é um fenômeno que acontece no mundo e as democracias estão trabalhando muito fortemente para enfrentar essas situações que são desestabilizadoras, não só do ponto de vista político, mas do ponto de vista econômico, social, das políticas públicas e das perspectivas para os investimentos e melhoria da qualidade de vida das pessoas", disse.

Marina Silva disse que, apesar de não servir como "conforto", a tese ganha sustentação ao lembrar da invasão ao Capitólio, nos Estados Unidos, depois da derrota do ex-presidente americano Donald Trump para Joe Biden, e em outros lugares do mundo. 

A ministra declarou acreditar, ainda, que o ataque em Brasília foi feito por extremistas e que parte dos eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que teve 58 milhões de votos, não concorda com o atentado promovido. 

"Temos um fenômeno internacional, mas vamos envidar todos os esforços internos para estabilizar nossa democracia. Não só a democracia brasileira, é fundamental que olhemos para o que acontece na América Latina", destacou, acrescentando ser necessário um esforço conjunto entre os países com localização próxima ao Brasil.

As declarações foram dadas nesta terça-feira (17) no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Marina Silva representa o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no evento junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Para Marina, estabilidade democrática inclui pautas sociais e econômicas

Em entrevista a jornalistas depois do painel que participou no Fórum, Marina Silva afirmou que, além do apoio político, a estabilidade democrática passa por condições de dar respostas sociais e econômicas para abrir o mercado para novos produtos e, assim, refroçar a intenção de o Brasil se rum país provedor de energia limpa.

"Nós somos um país que tem uma matriz energética limpa, com a possibilidade de ir para 100% da matriz energética limpa, e isso é a base para produzir o hidrogênio verde. No contexto da insegurança climática que vive a Europa com a guerra entre Rússia e Ucrânia, o hidrogênio verde é uma promessa de sustentabilidade para esses países, e o Brasil se coloca como uma grande oportunidade de produção dessa energia. Isso significa investimentos, empregos e uma nova base tecnológica", disse.

A ministra citou, ainda, ser preciso criar uma agenda positiva na área ambiental para atrair a parcela do agronegócio aliada a Bolsonaro e crítica ao governo Lula. "Eu acho que quebrar essa visão retrógrada de querer voltar para o início do século 20, quando o mundo todo caminha na direção de compreender que nós temos que enfrentar os limites do planeta e a crise sobre biodiversidade, a crise que nós estamos vivendo em relação aos oceanos e principalmente à mudança climática, é a gente montar uma outra agenda, a agenda positiva", afirmou.

"A maioria das pessoas quer um caminho, mas esse caminho vai precisar de incentivos, de suporte tecnológico. Nós vamos fazer uma reforma tributária, o ministro Haddad, inclusive, tem sinalizado muito fortemente essa agenda, e criar os instrumentos tributários para que os investidores tenham vantagens no encaminhamento dessas novas agendas", declarou, citando a necessidade de conversar também com o setor financeiro.

Ministra cita compromisso ambiental para sediar COP30

A ministra explicou, ainda, que a proposta para que a cidade de Belém (PA) sedie a COP30 (Conferência do Clima das Nações Unidas) em 2025 foi feita para demonstrar que o Brasil tem "enunciados que são grandiosos, mas que queremos que se materializem na prática". As pautas, segundo Marina Silva, passam pelo enfrentamento do desmatamento e da exploração de garimpo ilegal, além da proteção aos povos indígenas.

"Ter a Conferência do Clima é exatamente para dar um sinal de que nós queremos alcançar esses objetivos e queremos que ela aconteça em um ambiente de resultados, e não só de enunciados. O Brasil sempre liderou pelo exemplo no combate à pobreza, desmatamento, redução de CO² e tem buscado fazer um caminho inovador de desenvolvimento econômico", frisou a ministra.

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