O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que não conhece o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine. Eles respondeu, neste domingo (12), às insinuações de aliados de Jair Bolsonaro (PL), de que foi o ex-presidente quem articulou a saída de brasileiros da Faixa de Gaza, após mais de um mês do início da guerra entre Israel e Hamas.

"Todo esforço para libertação dos brasileiros foi feito pelo governo do presidente Lula. Por instrução dele, acompanhamento diário, eu fui interlocutor com todos os governos envolvidos, e foi isso que resultou na conclusão exitosa. Além disso, acho que é desinformação", disse. Em seguida, ao ser questionado sobre a postura de Zonshine, respondeu: "Não conheço".

Ele também rebateu as críticas direcionadas pela não inclusão dos brasileiros na lista dos primeiros estrangeiros autorizados a saírem de Gaza por Rafah. "Se não aconteceu antes, não foi só com Brasil, foram com todos os outros países. Havia uma lista de nacionais nesses outros países. Alguns países tinham até 600 nacionais", completou.

Na sexta-feira (10), Mauro Vieira rebateu desconfortos causados por uma reunião entre Zonshine e Bolsonaro. "Eu não falo com o embaixador de Israel aqui [no Brasil]. Eu falo com o chefe dele, que é o ministro das Relações Exteriores de Israel [Eli Cohen]", disparou, em entrevista à "GloboNews".

Causou mal-estar a reunião entre Bolsonaro e Zonshine na última quarta-feira (8), em um evento na Câmara dos Deputados marcada para "mostrar as atrocidades cometidas pelo Hamas". "A presença do ex-presidente não foi coordenada pela Embaixada de Israel e não era conhecimento antes do evento, ocorrendo de forma fortuita", acrescentou o órgão consular, por meio de nota. Houve presença maciça de parlamentares da oposição, aliados a Bolsonaro.

Último grupo de brasileiros foi retirado de Gaza neste domingo 

Neste domingo, o governo brasileiro concluiu a operação de retirada de brasileiros da região de guerra. Um grupo com 32 pessoas conseguiu sair da Faixa de Gaza e cruzar a passagem de Rafah, na fronteira para o Egito. Eles devem embarcar no avião da Presidência da República para o Brasil na manhã desta segunda-feira (13). 

Há na lista 22 brasileiros e dez palestinos familiares de brasileiros. São 17 crianças, nove mulheres e seis homens. Inicialmente, 34 pessoas estavam na lista para a saída de Gaza, mas duas desistiram da repatriação e decidiram permanecer na região.

Depois de entrarem no território egípcio, eles seguiram por uma viagem terrestre de cerca de seis horas, em veículos alugados pelo governo brasileiro, até a capital Cairo. Lá, devem embarcar, na manhã de segunda, no avião da Presidência da República.

A previsão é que a decolagem seja às 11h50 no horário local, e 6h50 no horário de Brasília. O pouso deve ser às 23h30 na Base Aérea de Brasília (DF). Estão previstas três paradas técnicas: em Roma, na Itália; em Las Palmas, na Espanha; e na Base Aérea do Recife, em Pernambuco, já em solo brasileiro. 

O voo de retorno ao Brasil será conduzido pela Força Aérea Brasileira (FAB). O avião reservado para essa operação de retirada de pessoas de Gaza estava próximo à região desde 13 de outubro, à espera de autorização das autoridades para o deslocamento. Eles entraram na lista de quem poderia cruzar a passagem de Rafah somente na última quinta-feira (9).

Brasileiros devem receber apoio do governo na chegada ao país

Mauro Vieira destacou que os brasileiros, ainda em meio às região de guerra, receberam apoio das embaixadas locais, como local de abrigo e transporte, e devem ser assistidos também na chegada ao Brasil. Serão oferecidas assistências como emissão de documentos de identificação e permissão de trabalho e acesso à rede de apoio social, como ao Sistema Único de Saúde (SUS).

"Na chegada ao Brasil, há todo um esquema de recepção e de depois contato com famílias, com familiares, ou com outras famílias de origem palestina que queiram receber os palestinos que chegarem nessa manhã. Isso exige um contato, a disponibilização de abrigos onde poderão ficar hospedados até o momento necessário, se for essa opção", disse.