Terrorismo

Quem é o blogueiro bolsonarista que colocou bomba em caminhão em Brasília

Mais do que jornalista, ele é um militante da extrema direita com ambições políticas. Teve um cargo no governo de Jair Bolsonaro (PL) e foi candidato a deputado federal

Por Renato Alves
Publicado em 16 de janeiro de 2023 | 09:17
 
 
 
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A Justiça do Distrito Federal aceitou, neste domingo (15), a denúncia do Ministério Público contra três bolsonaristas radicais que tentaram explodir uma bomba perto do aeroporto de Brasília na véspera do Natal. Um deles é o blogueiro cearense Wellington Macedo de Souza, de 47 anos, que teve a identidade revelada neste domingo, em reportagem do Fantástico. Ele estava em prisão domiciliar e é considerado foragido após retirar, de forma ilegal, a tornozeleira eletrônica.

Morador de Sobral (CE), onde nasceu, Macedo já havia sido preso pela Polícia Federal em setembro de 2021 por articular e financiar um ato em 7 de setembro daquele ano, que, entre outras coisas, pedia intervenção militar. A ação investigava, além dele, o cantor Sérgio Reis e o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) por incitação a atos violentos e ameaçadores contra a democracia.

À época, o blogueiro se manifestou por meio de suas redes sociais e disse ser um “militante da verdade da notícia” e que noticiava fatos e acompanhava os bastidores da movimentação política no Brasil por meio de canais "independentes" nas redes sociais. 

Entre o que classifica como “fatos”, havia muitas informações mentirosas contra a eficácia da vacina contra a Covid-19 e o sistema eleitoral brasileiro. Ele coleciona processos por vídeos atacando políticos locais e professores da rede de ensino de Sobral. 

Em outubro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a soltura de Wellington Macedo. Moraes entendeu que não havia mais justificativa para a manutenção da prisão, pois a data do ato já havia passado. Mas o ministro determinou que Macedo ficasse em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica.

Mais do que jornalista, Macedo é um militante da extrema direita com ambições políticas. Teve um cargo no governo de Jair Bolsonaro (PL). Foi assessor da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos na gestão de Damares Alves. Ele teve um cargo comissionado na Diretoria de Promoção e Fortalecimento de Direitos da Criança e do Adolescente entre fevereiro e outubro de 2019.

Macedo  foi candidato a deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) por São Paulo nas eleições de 2022, levantando bandeiras em defesa da “família tradicional”, contra a corrupção e instituições dos três poderes. Ele se apresentava como “fundador da Marcha da Família Cristã pela Liberdade”.

Mesmo com ordem de prisão domiciliar e uma tornozeleira eletrônica, Macedo frequentava o acampamento de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro no Quartel General do Exército, em Brasília.

Blogueiro participou da tentativa de invasão à sede da PF

Na investigação sobre a tentativa de atentado terrorista com uma bomba no aeroporto de Brasília, policiais civis comprovaram que o blogueiro cearense teve participação direta nos ataques contra o prédio da Polícia Federal em Brasília em 12 de dezembro do ano passado. Na ocasião, bolsonaristas radicais tentaram invadir o prédio da PF e, sem sucesso, depredaram e incendiaram veículos na área central de Brasília, além de destruir equipamentos públicos, como placas de sinalização.

Os investigadores da Polícia do Distrito Federal chegaram até Macedo após a prisão de George Washington de Oliveira Sousa. Ele admitiu, em depoimento, ter participado de um plano para provocar as Forças Armadas a decretarem “estado de sítio” e realizarem uma intervenção militar, o que é inconstitucional.

George Washington entregou Alan Diego dos Santos e Macedo como comparsas. Contou que montaram o artefato e entregaram o material para que fosse colocado no caminhão de combustível pelo blogueiro. 

No caso da bomba, os réus responderão pelo crime de explosão, quando se expõe “a perigo a vida na integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos”. A pena é de três a seis anos de prisão e pagamento de multa. 

O trio também teve prisão decretada pelos ataques de 12 de dezembro. Apenas George Washington está preso.

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