Servidores públicos federais de diversas categorias se reúnem, nesta quarta-feira (29), para discutir a construção de uma greve geral em busca de reajustes salariais. Caso seja confirmada, a paralisação pode já no início de 2022. O primeiro anúncio sobre a greve unificada deve ser feito já na tarde desta quarta-feira pelo Fórum dos Servidores Federais (Fonasefe).

O objetivo é pressionar o governo federal a aumentar as categorias que vão receber aumento salarial em 2022. O reajuste do funcionalismo foi anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro em novembro deste ano.

Mas, no Orçamento da União aprovado pelo Congresso na última semana, apenas os policiais federais foram beneficiados. Na peça, há a indicação de R$ 1,7 bilhão reservados para servidores da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Federal (PF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

A decisão gerou reação em diversas carreiras e o primeiro movimento de greve foi iniciado na segunda-feira (27) por funcionários da Receita Federal. Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores da Receita (Sindifisco), 738 que ocupavam postos de chefia em unidades espalhadas pelo país entregaram os cargos pelos cortes no orçamento do órgão e por ficarem de fora do reajuste. O blecaute foi adotado por 93% dos chefes de unidade da Receita.

Além da debandada das chefias, auditores fiscais agropecuários também iniciaram paralisação na segunda-feira. A paralisação foi aprovada por 97,49% dos 4.287 auditores que participaram da assembleia do Sindifisco Nacional.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, é resistente a ampliar os reajustes. No domingo (26), ele enviou um texto a Bolsonaro afirmando que, se atender a todas as categorias, a medida poderia ser um risco para a economia do país, como mostrou o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Guedes teria dito que "quem pede aumento agora não quer pagar pela guerra contra o vírus" e "está dizendo: 'já tomei minha vacina, agora quero reposição de salário, não vou pagar pela guerra ao vírus'". Para o ministro, aumentar a folha do funcionalismo só seria possível após a aprovação da Reforma Administrativa pois, caso contrário, seria sinônimo de “inflação subindo”.

O ministro ainda comparou um eventual reajuste salarial neste momento à tragédia de Brumadinho, quando houve o rompimento de uma barragem em janeiro de 2019 com 270 mortes: "Temos que ficar firmes. Sem isso, é Brumadinho: pequenos vazamentos sucessivos até explodir barragem e morrerem todos na lama", disse.

Além do Sindisfisco e dos auditores fiscais agropecuários que já estão em greve, A Fonasefe, que decidirá a greve de outras categorias, reúne professores e servidores da área administrativa de instituições de ensino superior, do Judiciário Federal e do Ministério Público da União, do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outros.

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