A ministra do Planejamento, Simone Tebet, assumiu o cargo na manhã desta quinta-feira (5) em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Ela foi empossada no último domingo (1º) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Estavam presentes o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ex-presidente José Sarney (MDB), além de outras autoridades.
Em seu discurso, Tebet confirmou que resistiu a aceitar uma participação no governo federal ao contar que escreveu um manifesto recusando qualquer cargo em troca do apoio a Lula, mas o presidente pediu que o trecho fosse retirado do texto, o que foi aceito. O convite para uma pasta, no entanto, não atendeu à expectativa da ministra de chefiar a área social.
"Fui parar justamente em uma pauta que é a que eu tenho alguma divergência. Tenho total sinergia com a pauta social e de costumes. Estava pronta e preparada para assumir qualquer tarefa nessa área. Fui parar na pauta econômica", declarou. A divergência sobre economia foi apontada ao presidente assim que o convite para o Planejamento foi oficializado, segundo a ministra, de forma escrita e depois do Natal.
"Quando eu abri a minha boca para agradecer e dizer para ele que eu achava que havia algum equívoco, porque disse a ele: ‘Presidente, nesta pauta nós temos divergências econômicas’, ele simplesmente me ignorou e disse: ‘É isso que eu quero porque eu sou um presidente democrata, e um presidente democrata não quer apenas os iguais, quer os diferentes para somarem", completou sobre o convite recebido.
A indicação de Tebet à pasta do Planejamento foi feita após dias de negociações. A aproximação entre a atual ministra e Lula aconteceu no segundo turno das eleições, em outubro de 2022. Ela, que ficou em terceiro lugar na disputa presidencial, declarou o apoio em busca de enfraquecer a candidatura de Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição.
Depois da eleição de Lula, Tebet declarou o desejo de comandar o Ministério do Desenvolvimento Social, que foi destinado a Wellington Dias. O presidente sondou Tebet para a pasta do Meio Ambiente, mas o cargo foi recusado para evitar atritos com Marina Silva, então cotada para a pasta. No final de dezembro, Tebet foi confirmada para o Planejamento, enquanto Marina assumiu como ministra da área ambiental.
Tebet defende pautas sociais com 'responsabilidade fiscal' e 'pobres no Orçamento'
A primeira fala de Tebet também teve destaque para pautas sociais, como a desigualdade e a fome, que, segundo ela, estarão privilegiadas no orçamento federal. Ela declarou que "os pobres estarão, prioritariamente, no orçamento público", assim como "crianças, jovens, idosos" e grupos sociais, como os povos originários, as pessoas com deficiência e a comunidade LBGTQIA+.
"Passou da hora de dar visibilidade aos invisíveis, com orçamento para as políticas públicas assertivas, que serão implementadas pelos ministérios afins", destacando que a pasta do Planejamento precisará agir "sem descuidar, em nenhum momento, da responsabilidade fiscal, dos gastos públicos e da qualidade deles" e fazendo com que o plano de governo de Lula caiba no planejamento orçamentário.
"A política social é central para o país, neste momento dramático que vivemos. Não há uma política social sustentável sem uma política fiscal responsável", acrescentou.
A ministra frisou concordar com a defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de uma "aprovação urgente" da reforma tributária "para garantirmos menos tributos sobre o consumo, um sistema tributário menos regressivo, com simplificação e justiça tributária". Na avaliação dela, a medida é essencial para gerar emprego e renda.
Tebet defendeu a formulação de um plano nacional de desenvolvimento regional para "atacar as desigualdades sociais e regionais", e declarou que haverá esforços para a igualdade salarial entre homens e mulheres que desempenham as mesmas funções. Atrair investimentos para o país também foi tema do discurso da ministra. O teto de gastos públicos, amplamente criticado por Lula, não foi abordado por Tebet.
Questionada por jornalistas sobre a dificuldade que enfrente de compor sua equipe majoritariamente com mulheres pretas, ela garantiu que fará o anúncio de 80% da equipe na próxima segunda-feira (9) e que está recebendo indicações de nomes das ministras do Turismo, Daniela Carneiro, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, além do diretor da Educafro, entidade que atua pela inclusão de negros, Frei Davi. "A gente vai ter que trabalhar muito com as mulheres que estão aqui em Brasília, principalmente", afirmou.
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