O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que deve entregar até 2027 a Transnordestina. De acordo com o petista, esse é o compromisso feito pela empresa responsável pela ferrovia. A obra foi lançada no primeiro governo dele, em 2006, e tem atraso de 14 anos na entrega. Na época, o anúncio era de que a obra custaria R$ 4,5 bilhões e ficaria pronta até 2010. Ele falou ao visitar as obras da ferrovia nesta sexta-feira (5), na cidade de Iguatu (CE).
"O compromisso da empresa é que a gente pode terminar isso ou até o final de 2026, ou até o primeiro trimestre de 2027. Se depender do governo, a gente vai terminar. Porque o governo vai cumprir todos os acordos firmados e não vai permitir que faltem recursos necessários", disse. "Nós vamos terminar essa ferrovia", frisou.
Nos primeiros anos de obras, segundo o presidente, a cada reunião realizada vários problemas eram apontados, como questões ambientais, dificuldade na emissão de licenças e em desapropriações e até mesmo falta de recursos. "Era um verdadeiro inferno para a gente tentar colocar essa ferrovia para funcionar", declarou.
"Eu saí da Presidência em 2010 e fiquei sonhando que ela poderia ser inaugurada em 2012. Passou e não inaugurou. Passaram 2013, 2014 e em 2016 veio o golpe contra a presidenta Dilma. Depois, vocês sabem o que aconteceu. De 2016 a 2022, mudaram até o projeto original", acrescentou, fazendo referência ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e aos governos seguintes, de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
O petista apontou que a Transnordestina, quando pronta, irá facilitar a vida de milhões de pessoas que trafegam entre o Ceará e o Piauí, além de gerar empregos e baratear os preços de transportes.
"O Brasil se transformou em um país rodoviário, e um país, para ser mais produtivo e mais leal ao seu povo, não pode abandonar ferrovia para fazer rodovia. Tem que ter ferrovia, rodovia e hidrovia de qualidade porque nós precisamos ter um sistema intermodal de transporte para utilizar todo o potencial e transportar gente e carga e baratear as coisas para o nosso povo", destacou Lula.
Chamada de Ferrovia Nova Transnordestina, a obra foi projetada para ligar o Porto de Pecém, no Ceará, até o sertão do Piauí, na cidade de Eliseu Martins, passando ainda por Pernambuco. O projeto original previa extensão de 1.753 km, passando por 81 municípios, com plano de futura ligação com a ferrovia Norte-Sul em Porto Franco, no Maranhão.
Os atrasos, porém, elevaram o custo do projeto atualmente para R$ 14 bilhões e reduziram a extensão da entrega planejada para 1.206 km. A obra tem 61% de execução e é realizada pela Transnordestina Logística S.A., que deve aproveitar trilhos já existentes no percurso. Para isso, deve ser feito um processo de recuperação, com alargamento de bitola, como é chamado o espaço entre os trilhos, e a instalação de novas do modelo misto, com três trilhos.
Protestos
Durante seu discurso, Lula reagiu a protestos feitos por presentes no evento por meio de placas. O presidente indicou que as mensagens indicavam tom crítico à vitória eleitoral dele em 2022. "Eu vi uns companheiros com umas placas protestando. Eu acho maravilhoso vocês protestarem porque eu voltei, porque vocês não poderiam participar nem levantar placa. Houve um tempo que vocês não tinham direito de protestar nesse país", disse.
"Quando a gente governa de forma democrática, proteste, reivindique, porque se a gente puder, a gente atende. Se a gente não puder, a gente diz que não pode e continua e segue fortalecendo o processo democrático", completou.
Após anunciar que voltaria ao local para viajar pela Transnordestina nos próximos anos, após a conclusão das obras, o presidente emendou: "Os companheiros que estão levantando placas protestando, vão levantar uma placa agradecendo, porque tudo vai estar resolvido nesse país para o brasileiro".
No mesmo evento em que visitou as obras da Transnordestina, Lula assinou a ordem de serviço do ramal do Salgado, em Iguatu. A obra de 36 km irá conectar Cachoeira dos Índios (PB) a Lavras de Mangabeira (CE), onde desagua o rio Salgado. A intenção é encurtar em cerca de 100 km a distância para que as águas do rio São Francisco cheguem ao açude Castanhão (CE). O projeto atenderá cinco milhões de pessoas no abastecimento de água no Ceará.