'TV do futuro'

'TV 3.0' só vai funcionar com internet; conheça o projeto previsto para 2025

De acordo com o governo, os canais transmitidos via antena serão substituídos por aplicativos que precisam de internet; universalizar a conectividade ainda é desafio no Brasil

Por Lucyenne Landim
Publicado em 03 de abril de 2024 | 13:24
 
 
 
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou, nesta quarta-feira (3), a TV 3.0, ação que pretende mudar a forma como uma pessoa assiste televisão. Um dos pontos é a substituição dos canais abertos transmitidos via antenas por aplicativos que precisam de conexão com a internet para haver interatividade com o conteúdo assistido.

Chamada de "TV do futuro", a tecnologia será implementada na nova geração de aparelhos produzidos a partir de 2025 e defasa modelos atuais e, com mais intensidade, as TVs de tubo, que dominavam o mercado na década de 1990. Apesar de perder espaço, esse tipo de aparelho, característico por ter uma espécie de caixa acoplada ao fundo, ainda está presente no dia a dia de muitas famílias, mas não tem qualquer possibilidade de acesso à internet.

A migração do sistema será gradativa e começará pelas grandes cidades. Ainda não há previsão de implementação total do modelo tecnológico, mas um dos desafios será ampliar o acesso à internet banda larga no país, necessária para assistir à "TV do futuro".

De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em novembro do ano passado, 91,5% das residências brasileiras, ou 68,9 milhões, utilizavam a internet em 2022. Mas o número absoluto de domicílios sem conexão ainda era grande, de 6,4 milhões de casas ao redor do país.

Há uma série de motivações para a falta de acesso à internet. Os três principais apresentados foram: nenhum morador sabia usar (32,1%), serviço caro (28,8%) e falta de necessidade (25,6%). Uma parcela, porém, não estava conectada porque não havia disponibilidade de internet na região (5,4%), enquanto outro grupo considerava o equipamento necessário caro (3,9%).

O plano também foi apresentado em um cenário da era 5G em que sinais de conexão, por mais fracos que sejam, não chegam em todos os pontos do país. Há distritos, por exemplo, em que até ligar para a polícia é uma dificuldade para a população.

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, assumiu que a universalização da internet, especialmente para que a TV 3.0 chegue a locais remotos, é um "grande desafio". "Nós compreendemos bem que não há inclusão social no tempo de hoje sem inclusão digital. Desde o início da gestão, Lula determinou que todos os programas do ministério fossem voltados para fazer com que a inclusão chegue a esses locais que não têm internet", disse no programa "Bom dia, ministro", da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

De acordo com ele, o presidente lançou no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) um eixo que foca na inclusão digital e na conectividade. "Nós vamos ter investimentos de cerca de R$ 28 bilhões até o final do governo previstos nesse eixo e isso está dentro de programas que está levando infraestrutura de telecomunicações ao país inteiro", acrescentou, explicando ainda que a transição do modelo deve ser semelhante à do sistema analógico para o digital, iniciada em 2007.

Entenda a TV 3.0

De acordo com o governo, a mudança será para que o telespectador tenha uma experiência melhor ao assistir TV. "A imagem, por exemplo, é uma das características em que a qualidade irá saltar, já que vai passar de Full HD para 4k ou até 8k. Isso significa que a imagem terá, no mínimo, quatro vezes mais pixels, trazendo mais informações por espaço, melhorando a cor e a nitidez. O contraste também vai ser aprimorado, por meio de tecnologias de HDR (High Dynamic Range)", diz comunicado.

"Com som imersivo, a tecnologia vai permitir que o telespectador tenha a sensação de estar no ambiente que está sendo assistido. Imagine que você está assistindo a um show. Já pensou na possibilidade de escolher entre ouvir apenas o microfone do cantor com a banda ou destacar o som da plateia (para sentir como se estivesse lá) ou os dois? Quem já gostava de ter o controle da TV, em breve terá, também, mais poder sobre o conteúdo. Falando nisso, os temas e propagandas também poderão ser personalizados", acrescentou o governo.

A TV 3.0 começou a ser estudada em 2021, em um trabalho do Ministério das Comunicações com o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD). Um estudo foi desenvolvido por universidades brasileiras e parceiros da indústria e do setor de radiodifusão sobre as tecnologias que serão integradas aos televisores que passarão a ser fabricados a partir de 2025. As propostas chegaram de mais de 20 organizações internacionais diferentes.

Os testes complementares, pesquisa e desenvolvimento, padronização e demonstrações, última fase do projeto, começaram em 2022. Ao longo do mesmo ano, foram definidos detalhes técnicos, como a elaboração das especificações para codificação de vídeo, áudio e legendas, além do planejamento de todos os detalhes dos testes complementares e atividades seguintes. A TV 3.0 está sendo apresentada e debatida em um evento que acontece nesta quarta-feira e quinta-feira (4) no Ministério das Comunicações, em Brasília (DF).

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