A aliança do prefeito Fuad Noman (PSD) com o grupo político do secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro, tem incomodado integrantes do PSD, que não descartam um pedido de expulsão de Fuad da sigla, caso o prefeito não se alinhe ao partido ou decida por si próprio sair da legenda. A insatisfação tem como causa principal o espaço dado por Fuad a outros partidos na administração municipal em troca de apoio da Câmara Municipal. Em nota, o diretório estadual nega qualquer mal-estar com o prefeito. 

Na avaliação do coordenador da bancada mineira em Brasília, Luiz Fernando Faria (PSD), Fuad tem “entregado a prefeitura” a um grupo político, se afastando do projeto pelo qual foi eleito. Segundo o deputado, o prefeito tem caminhado para a extrema-direita, enquanto a sigla tem uma posição de centro-esquerda.

Segundo Faria, a insatisfação sobre a atuação do prefeito é generalizada. “A insatisfação é de toda a bancada de vereadores, deputados federais e até do presidente (do Senado) Rodrigo Pacheco e do ministro (Alexandre Silveira). Do jeito que está, é mais fácil ele seguir com outro projeto político. Ele foi eleito pelo partido, ele tem que seguir as orientações (da sigla)”, avaliou o parlamentar que acusa o prefeito de não dialogar sequer com os dirigentes da legenda.

“Ele não tem defendido e atendido o PSD. Se a intenção do prefeito é prestigiar e acompanhar outro grupo político, ele que deixe o partido. Um time que joga para o Atlético não pode atender os interesses do Cruzeiro. Fuad está caminhando para a direita, uma extrema-direita, um projeto do (governador Romeu) Zema. E o prefeito tem empregado as pessoas desse projeto”, ponderou.

Faria diz não ver como uma possibilidade a reeleição de Fuad pelo PSD. Segundo o deputado, o pedido de exoneração da PBH do ex-deputado Osvaldo Lopes no início do mês é um sintoma do desalinhamento entre Fuad e o PSD. Em carta destinada ao prefeito, Lopes – que é do partido do prefeito – se queixou de isolamento.

“Osvaldo pediu exoneração porque não estava sendo prestigiado. Não estamos atrás de emprego, nosso projeto político é construir uma BH melhor. O prefeito não dialoga com ninguém, nem com o presidente do Congresso (Pacheco). Temos a prefeitura da maior cidade de Minas, mas não estamos alinhados”, disse.

Para ele, o prefeito está contribuindo para que a Câmara “seja entregue a um grupo político”, em referência à aliança com a chamada “Família Aro”. “O Marcelo Aro está no papel dele, não vejo problema na defesa dele de um projeto político, mas o erro do prefeito é entregar a prefeitura a esse grupo”, afirmou. 

Outro lado. Faria diz acreditar ainda que só o atual presidente do PSD no Estado, o deputado Cássio Soares, defenda a permanência do prefeito na sigla. “Ele deve ter as razões dele específicas”, declarou.

Procurado, Soares afirmou que “a insatisfação declarada e não justificada é apenas” de Faria e o partido “continua com o apoio integral ao prefeito e reconhece o bom trabalho que vem sendo desempenhado por ele e pela sua equipe”. Questionado sobre um possível pedido de expulsão de Fuad da sigla, Cássio descarta qualquer possibilidade nesse sentido. Ainda segundo ele, “desavença num partido do tamanho do PSD é normal”.

Em nota, o diretório estadual do PSD reafirmou que a insatisfação de Faria é um “fato isolado e não representa a opinião do partido”. As assessorias do ministro Alexandre Silveira e de Pacheco foram procuradas, assim como a equipe de Fuad, mas nenhuma respondeu as solicitações até o fechamento desta edição.