BRASÍLIA - A narrativa de vulnerabilidades e fraudes no sistema de votação das urnas eletrônicas foi, de acordo com a Polícia Federal (PF), o modus operandi da organização criminosa que supostamente teria planejado e tentado aplicar um golpe de Estado no Brasil, em 2022.

A informação faz parte das diligências policiais enviadas à Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta terça-feira (26) e que tiveram o sigilo derrubado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

De acordo com o relatório de 884 páginas contendo detalhes das investigações que levaram ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outras 36 pessoas, as milícias digitais fortaleceram o discurso de fraude nas urnas disparando notícias falsas em diversos canais de redes sociais. 

“Por mais inverossímil que possa parecer, os investigados sabiam que a narrativa falsa de fraude eleitoral, sendo disseminada por muito tempo, por vários canais, especialmente na internet (aplicativos de mensagens, redes sociais, vídeos, entrevistas etc.), em grande volume seria extremamente eficiente em seu público-alvo. Receber mensagens semelhantes de várias fontes é muito mais persuasivo”, diz o documento.

Segundo os investigadores, esse modo de atuação começou ainda em 2019 e, de forma maciça de propagação subsidiaria o discurso de interferência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no resultado das eleições de 30 de outubro de 2022.    

“Nesse sentido, os produtores de dados falsos, difundiram em alto volume, por multicanais, de forma rápida, contínua e repetitiva a ideia de que tanto nas eleições de 2018 quanto nas eleições de 2022 foram identificadas diversas vulnerabilidades nas urnas eletrônicas, que ‘teriam revelado’ a arquitetura de uma grande fraude para prejudicar unicamente o então presidente da República JAIR BOLSONARO, culminando com sua derrota no pleito de 2022”, afirma a PF.