BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), preste depoimento à Polícia Federal (PF) após ele declarar que Jair Bolsonaro (PL) e o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, 'conversam muito'. 

Investigados no inquérito dos atos antidemocráticos, Bolsonaro e Valdemar estão proibidos de manter contato por determinação do STF. O ministro Alexandre de Moraes entendeu que a declaração de Jorginho Mello indica "possível violação às medidas cautelares impostas", especificou em despacho publicado nesta sexta-feira (17).

Ainda no documento, Moraes transcreve o trecho da entrevista de Jorginho Mello à Jovem Pan. "E o nosso presidente Valdemar conversa muito com o presidente Bolsonaro, que é o presidente de honra [do PL], né? Espero que, daqui um pouquinho, eles possam conversar na mesma sala, né? Para se ajudar ainda mais", diz o governador na gravação. 

A medida cautelar imposta pelo STF em fevereiro do ano passado não restringe apenas os contatos pessoais entre os investigados, mas todo e qualquer tipo de conversa - como as ligações telefônicas e as trocas de mensagens.

A restrição despertou preocupação e alerta entre os correligionários do PL, que evitam eventos públicos e reuniões em que eles possam se encontrar ainda que acidentalmente. Em dezembro passado, o ministro Alexandre de Moraes autorizou que Bolsonaro entrasse em contato com Valdemar na missa de Sétimo Dia pela morte da mãe do presidente do PL, Leila Caran Costa. Antes, o ministro ainda consentiu que Bolsonaro fosse ao velório. As liberações eram provisórias e excepcionais. 

"Em face da excepcionalidade do pedido e da afirmação da defesa, autorizo Jair Bolsonaro a manter contato com o investigado Valdemar Costa Neto na citada missa do sétimo dia", despachou o ministro após o pedido. No documento, os advogados afirmavam que Bolsonaro se comprometia a não conversar com Valdemar sobre as investigações.