BRASÍLIA — Um dia após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes intimar o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, a depôr à Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou e saiu em defesa do correligionário. Para Bolsonaro, o governador cometeu 'ato falho' ao dizer que ele — Bolsonaro — e o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, mantinham contato. 

"Ele [Jorginho Mello] deu uma escorregada. Ele disse que lamentou não poder falar com o Valdemar e disse que eu tenho conversado muito com o Valdemar. Então, não é verdade. Foi um ato falho", avaliou Bolsonaro nesse sábado (18) no Aeroporto Internacional de Brasília durante o embarque de Michelle Bolsonaro para a posse de Donald Trump nos Estados Unidos. 

Como são investigados no inquérito dos atos antidemocráticos, Bolsonaro e Valdemar estão proibidos de ter contato por determinação do ministro Alexandre de Moraes. A partir da declaração de Mello, que durante entrevista disse que Bolsonaro e Valdemar 'conversavam muito', o ministro o intimou a depôr por entender que a fala indica uma possível violação às medidas cautelares impostas. 

O despacho é de sexta-feira (17), e nele Moraes transcreve a declaração exata de Jorginho Mello à Jovem Pan. "E o nosso presidente Valdemar conversa muito com o presidente Bolsonaro, que é o presidente de honra [do PL], né? Espero que, daqui um pouquinho, eles possam conversar na mesma sala, né? Para se ajudar ainda mais", disse o governador na ocasião. 

A medida cautelar imposta pelo STF em fevereiro do ano passado não restringe apenas os contatos pessoais entre os investigados, mas qualquer tipo de contato. 

A restrição despertou preocupação e alerta entre os correligionários do PL, que evitam eventos públicos e reuniões em que eles possam se encontrar ainda que acidentalmente. Em dezembro passado, o ministro Alexandre de Moraes autorizou que Bolsonaro entrasse em contato com Valdemar na missa de Sétimo Dia pela morte da mãe do presidente do PL, Leila Caran Costa. Antes, o ministro ainda consentiu que Bolsonaro fosse ao velório. As liberações eram provisórias e excepcionais.  

"Em face da excepcionalidade do pedido e da afirmação da defesa, autorizo Jair Bolsonaro a manter contato com o investigado Valdemar Costa Neto na citada missa do sétimo dia", despachou o ministro após o pedido. No documento, os advogados afirmavam que Bolsonaro se comprometia a não conversar com Valdemar sobre as investigações.