BRASÍLIA – A Polícia Federal (PF) intimou o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, e o ex-número 2 da instituição, Alessandro Moretti, para prestarem depoimentos no inquérito que trata de suposta espionagem ilegal.
O esquema, que teria ocorrido durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), ficou conhecido como Abin paralela. A agência teria sido usada para acompanhar a rotina de jornalistas, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e adversários políticos do então presidente da República.
Policiais federais e servidores da agência teriam invadido telefones celulares sem autorização judicial, quando a Abin era comanda pelo hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A ferramenta FirstMile foi usada para acompanhar os passos de pessoas que eram consideradas desafetas de Bolsonaro, segundo investigação da PF.
Moretti foi exonerado do cargo de diretor-adjunto em 30 de janeiro de 2024, após a PF apontar suspeitas de que a gestão da agência atuou para dificultar investigações sobre o caso de espionagem ilegal.
Moretti e Luiz Fernando Corrêa devem depor na quinta (17), na sede da PF, em Brasília.
Abin espionou governo do Paraguai
No fim do mês passado, o site Uol revelou que a Abin espionou autoridades paraguaias durante o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assumiu o cargo em janeiro de 2023. Mas o governo petista negou e disse que a ação ocorreu na gestão de Bolsonaro.
O objetivo da espionagem seria conhecer a posição do Paraguai nas renegociações entre os dois países sobre as condições e os preços do fornecimento de eletricidade da hidrelétrica de Itaipu, construída sobre o rio Paraná, que faz divisa entre os dois países.
O governo Lula negou “categoricamente qualquer implicação na ação de inteligência” e atribuiu a sua autorização à gestão do antecessor. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil indicou que a ação cibernética ocorreu no governo anterior foi suspensa pela atual gestão.
No entanto, uma testemunha disse que a espionagem das autoridades paraguaias durante o governo Lula com autorização do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do diretor interino Saulo de Cunha Moura, que ocupou o cargo em maio de 2023.