BRASÍLIA – Condenado por participação na tentativa de explodir o Aeroporto de Brasília em dezembro de 2022, Alan Diego dos Santos Rodrigues voltou a ser preso na quinta-feira (26). Ele cumpria prisão domiciliar em Mato Grosso.
A ordem para mandá-lo a um presídio novamente partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Alan descumpriu medidas cautelares, como uso de tornozeleira e comparecimento à Justiça em datas marcadas.
Para Moraes, também havia risco de fuga ou de novas práticas criminosas, conforme relatório da Procuradoria-Geral da República (PGR), que pediu a prisão preventiva de Alan, condenado a 5 anos e 4 meses de reclusão por colocar uma bomba na entrada do aeroporto de Brasília.
A sentença foi proferida em 2023. Em 2024, a Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal concedeu progressão ao regime aberto a Alan, que cumpria pena na Papuda. Ele passou para a prisão domiciliar e foi transferido para a comarca de Comodoro, Mato Grosso, onde morava.
Outros dois condenados foram alvos de mandados de prisão
Os três envolvidos no atentado foram julgados e condenados pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), com base em inquérito da Polícia Civil do DF.
Além de terem sido condenados pela Justiça do DF, eles foram denunciados pela PGR ao STF pelos crimes de associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e atentado contra a segurança de transporte aéreo.
A intenção do trio era explodir um caminhão carregado de combustível para avião no terminal aeroportuário da capital federal, na véspera do Natal de 2022, quando ele estava lotado. Mas o motorista percebeu que havia algo sob o veículo, acionou a polícia, que conseguiu remover os explosivos em segurança.
Os três confessaram a participação no crime, que visava provocar decretação de estado de sítio, com intervenção militar para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de janeiro de 2023.
Ainda na quinta, Moraes mandou prender os outros dois envolvidos: George Washington de Oliveira (condenado a 9 anos e 4 meses de reclusão) e Wellington Macedo de Souza (6 anos de cadeia).
George Washington viajou do Pará para Brasília para participar de manifestações por intervenção militar, contra a posse de Lula. Ele foi preso em 24 de dezembro, horas após a descoberta da bomba sob o caminhão carregado com 60 mil litros de querosene de aviação.
George Washington estava em um apartamento alugado no Sudoeste, área nobre da capital. No imóvel, policiais encontraram um fuzil, espingardas, revólveres, munição e artefatos explosivos.
O homem tinha registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), mas o documento estava em situação irregular. Portanto, não poderia estar com nenhuma arma. E, caso estivesse com a documentação em dia, não poderia ter explosivos, como o usado no plano para explodir um caminhão no aeroporto.
Em 15 de fevereiro, a VEP do Poder Judiciário do DF permitiu que George Washington cumprisse a pena em regime semiaberto. O juiz Bruno Aielo Macacari considerou que ele cumpriu os requisitos para a mudança de regime por não ter cometido falhas disciplinares na Papuda.
Já Wellington Macedo de Souza foi filmado por câmeras de uma loja e do próprio caminhão onde a bomba foi colocada, se aproximando em um carro. Ele estava com Alan Diego dos Santos Rodrigues, o responsável por colocar a bomba no caminhão.
Blogueiro e apoiador de Jair Bolsonaro (PL), como os outros dois, Wellington foi preso em 14 de setembro de 2023. Ele estava foragido desde janeiro do mesmo ano e foi encontrado na Cidade do Leste, no Paraguai.
Wellington Macedo já era monitorado por tornozeleira eletrônica pela PF antes do atentado à bomba. Ele recebeu o aparelho em uma das condições para se livrar da prisão preventiva, imposta pelo STF após ser acusado de incitar ataques contra os Três Poderes da República, por meio das redes sociais.
Em setembro de 2021, ele foi preso pela Polícia Federal (PF) no inquérito aberto para investigar a organização de manifestações violentas no feriado de 7 de Setembro. A PGR o apontou como um dos responsáveis pela divulgação de um “ato violento e antidemocrático”.
Cearense de Sobral, Wellington foi assessor da Diretoria de Promoção e Fortalecimento dos Direitos da Criança e do Adolescente no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, que era chefiado pela atual senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Recebia R$ 10.373,30 pela função.
Além dos salários, o Portal da Transparência mostra que Wellington ganhou cerca de R$ 24 mil em pagamentos de indenizações e de diárias após ser exonerado. após deixar o ministério, recebeu ainda quatro parcelas do auxílio-emergencial, de R$ 600, que foram pagos em maio, junho, julho e setembro de 2020.