BRASÍLIA – A Procuradoria-Geral da República (PGR) retirou o nome do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), da lista de testemunhas de acusação na ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado ocorrida após as eleições presidenciais de 2022.
A exclusão foi formalizada nesta sexta-feira (16) no Supremo Tribunal Federal (STF) às vésperas do início da fase de depoimentos, sem que fosse apresentada qualquer justificativa oficial.
Ibaneis já havia confirmado à Justiça sua disposição para falar e indicado o horário de sua preferência, prerrogativa concedida a chefes do Executivo.
O depoimento estava agendado para a próxima segunda-feira (19), data que marca o início das oitivas no processo, com previsão de se estenderem até o começo de junho.
Em contato com a imprensa, o governador demonstrou surpresa com a decisão e afirmou não ter sido informado sobre os motivos da desistência. Questionada pela reportagem de O TEMPO em Brasília sobre a decisão, a PGR não respondeu a razão.
Sai Ibaneis, mas depoimentos do alto comando das Forças Armadas são mantidos
A ação penal investiga a articulação e execução dos atos antidemocráticos registrados em Brasília no final de 2022 e início de 2023. A PGR havia indicado dezenas de testemunhas, incluindo nomes de alto escalão das Forças Armadas.
Com a retirada de Ibaneis, permanecem na lista personalidades como os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Almeida Baptista Junior (Aeronáutica), que devem depor nos próximos dias.
No total, 81 pessoas devem ser ouvidas. A expectativa é que os depoimentos ajudem a esclarecer os bastidores da mobilização que levou à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.
Embora a exclusão do governador do DF não tenha sido explicada, o movimento da Procuradoria-Geral da República ocorre em um momento sensível da ação penal, em que a estratégia da acusação começa a se revelar com mais nitidez. Ainda não se sabe se a retirada de Ibaneis indica uma mudança de rota ou apenas uma reorganização tática da Procuradoria.