BRASÍLIA - O documento encontrado no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que pedia asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei, foi salvo em 10 de fevereiro de 2024, dois dias antes de sua hospedagem na Embaixada da Hungria em Brasília.
Em março de 2024, imagens divulgadas pelo jornal The New York Times mostraram a permanência de Bolsonaro na representação diplomática húngara, em Brasília, entre os dias 12 e 14 de fevereiro, após ter tido seu passaporte apreendido pela Polícia Federal.
Na ocasião, o jornal norte-americano sugeriu que Bolsonaro, alvo de investigações criminais, tentou fugir da justiça já que o ex-presidente não pode ser preso em uma embaixada estrangeira que o acolheu, porque está legalmente fora do alcance das autoridades nacionais.
Documento estava em celular apreendido
Conforme revelado em relatório da Polícia Federal, no texto de 33 páginas, direcionado a Javier Milei, o ex-presidente argumenta que estaria sendo perseguido "por motivos e por delitos essencialmente políticos”. O arquivo foi obtido pelos investigadores após apreensão do celular de Bolsonaro.
“Os elementos informativos encontrados indicam, portanto, que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha em sua posse documento que viabilizaria sua evasão do Brasil em direção à República Argentina, notadamente após a deflagração de investigação pela Polícia Federal com a identificação de materialidade e autoridade delitiva quanto aos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito por organização criminosa”, afirma a PF.
No relatório, os investigadores apontam também que Bolsonaro viajou para a Argentina de 7 a 11 de dezembro de 2023, cerca de dois meses antes da última edição do documento. Na ocasião, o ex-presidente acompanhou a posse de Milei, em 10 de dezembro.
A Polícia Federal afirma que o usuário no nome de Fernanda Bolsonaro, que seria a esposa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), está registrado como criador do documento e o último a editar a carta.
A defesa de Bolsonaro afirmou que, apesar da existência do arquivo em seu dispositivo móvel, não havia intenção de enviá-lo às autoridades argentinas.