BRASÍLIA - Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes veio a público para rebater os ataques do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao também ministro Alexandre de Moraes. Possível herdeiro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2026, Tarcísio chamou Moraes de “tirano” neste domingo (7/9), em ato em São Paulo (SP).
Gilmar refutou que haja uma “ditadura da toga” ou ministros “tiranos” no Brasil. “O STF tem cumprido seu papel de guardião da Constituição e do Estado de Direito, impedindo retrocessos e preservando as garantias fundamentais”, respondeu o ministro no X, em texto em que ainda pontuou que “a verdadeira liberdade não nasce de ataques às instituições”.
Sem citá-lo, Gilmar ainda se referiu a atos de Bolsonaro como “autoritarismo”. “Milhares de mortos em uma pandemia, vacinas deliberadamente negligenciadas por autoridades, ameaças ao sistema eleitoral e à separação de Poderes, acampamentos diante de quartéis pedindo intervenção militar, tentativa de golpe de Estado com violência e destruição do patrimônio público”, enumerou.
Tarcísio atacou Moraes após os presentes na avenida Paulista entoarem um coro de “fora, Moraes”. “Por que vocês estão gritando isso? Talvez porque ninguém aguente mais. Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo neste país”, afirmou o governador de São Paulo.
Tarcísio subiu o tom contra Moraes após ter protagonizado discussões na última semana para que Bolsonaro seja anistiado no Congresso Nacional. Ele passou a articular o perdão ao ex-presidente após o relatório da Polícia Federal (PF) para indiciar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) revelar críticas do filho de Bolsonaro ao governador.
Antes de chamar o ministro de “tirano”, Tarcísio já havia se referido a ele, de forma velada, como “ditador”. “Nós não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. É isso que nós precisamos fazer. É isso que nós precisamos defender. Chega, chega de abuso, chega! Eu tenho certeza que novos tempos virão”, disse, em discurso inflamado.
Ainda em resposta ao governador de São Paulo, o decano do STF afirmou que “o que o Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe”. “É fundamental que se reafirme: crimes contra o Estado Democrático de Direito são insuscetíveis de perdão! Cabe às instituições puni-los com rigor e garantir que jamais se repitam”, concluiu.
Gilmar não está na turma do STF em que Bolsonaro é julgado pela suposta tentativa de golpe de Estado. A Primeira Turma, que retomará o processo contra o ex-presidente na próxima terça (9/9), é formada pela ministra Cármen Lúcia e pelos ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux, além do próprio Moraes.