BRASÍLIA - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), dá continuidade, nesta quarta-feira (3/9), à série de reuniões que vêm fazendo em Brasília pelo avanço do projeto de lei da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, proposta que também pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.

No fim da tarde, Tarcísio se reúne com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP, que anunciou o desembarque do governo Lula, com a anistia no centro da pauta.

Já durante a noite, o governador retorna à capital paulista para um jantar com o líder da Oposição na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), e o pastor Silas Malafaia.

A articulação pelo PL da anistia na Câmara ganhou volume nos últimos dias com a atuação de Tarcísio em Brasília. Os principais partidos do Centrão, puxados pelo União Brasil e pelo PP, aderiram à pressão pela pauta. O Republicanos, comandado pelo deputado Marcos Pereira (SP) fez o mesmo, interessado em garantir que Tarcísio, que é filiado à legenda, herde o espólio político de Bolsonaro.

Aliados de Tarcísio acreditam que, caso a anistia seja aprovada após a entrada do governador na articulação, isso pode fortalecê-lo na disputa pelo apoio formal de Jair Bolsonaro na corrida ao Palácio do Planalto, mesmo com a resistência de membros da família do ex-presidente, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Por outro lado, lideranças do PL, como o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, indicam que Tarcísio teria que se filiar ao partido para carimbar a candidatura.

A visita do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a Bolsonaro em prisão domiciliar, na última segunda-feira (1°/9), também fez o movimento pela anistia ganhar corpo.

O início do julgamento de Bolsonaro no STF intensificou as cobranças da oposição pelo projeto, e a proximidade do ano eleitoral despertou o interesse do Centrão na proposta. O momento coincide com o desembarque de União Brasil e PP do governo Lula (PT), antecipando as posições que esses partidos terão na próxima eleição presidencial.

Articulando a votação da proposta, os partidos têm até costurado possíveis nomes para atuar como relator da anistia no plenário. A intenção é que o cargo seja ocupado por um nome do Centrão, preferencialmente de União Brasil ou PP — partidos unidos em federação.