O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou sua permanência por dois dias na Embaixada da Hungria, durante o Carnaval deste ano, em Brasília, e garantiu que frequenta com rotina representações diplomáticas estrangeiras no país. 

De acordo com Bolsonaro, essas visitas fariam parte da boa relação que teria com embaixadores e chefes de Estado pelo mundo. "Muitas vezes esse chefe [de Estado] liga para mim, para que eu possa prestar informações precisas sobre o que acontece no Brasil", afirmou.

A declaração foi dada em discurso nesta segunda-feira (25), em São Paulo, durante um evento do Partido Liberal, do qual é filiado, e momentos após a Polícia Federal ter decidido investigar a informação de que o ex-presidente permaneceu na embaixada após ter seu passaporte apreendido em uma operação policial.

O ex-presidente disse ainda que as visitas são praxe e que as conversas ocorrem nas embaixadas e não diretamente aos países por estar impedido de deixar o país. "Temos boas relações internacionais, como até hoje mantenho relação com alguns chefes de Estado pelo mundo. Frequento embaixadas pelo Brasil, converso com embaixadores. Tenho passaporte retido, se não estaria com [os governadores] Tarcísio [de Freitas] e [Ronaldo] Caiado em viagem a Israel", completou.

A jornalistas ao deixar o evento  que concedeu o título de cidadã honorária de São Paulo para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ele questionou se dormir na embaixada seria crime. “Por ventura dormir na embaixada, conversar com embaixador, é crime? Tenha santa paciência, chega de persegui. Quer perguntar da baleia? Vamos falar da Marielle Franco. Eu passei seis anos sendo acusado de ter matado a Marielle Franco. Acabou o assunto agora? Vamos falar dos móveis do Alvorada?”

PF diz que irá investigar estadia

A Polícia Federal (PF) indicou que vai investigar qual foi a intenção e as circunstâncias que levaram  Bolsonaro a permanecer por dois dias, em fevereiro deste ano, na embaixada da Hungria, em Brasília. Dias antes de ficar hospedado no local, o ex-presidente teve seu passaporte apreendido no âmbito da operação Tempus Veritatis, que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado no país. 

A hospedagem ocorreu durante o Carnaval deste ano. Seria uma estratégia do ex-presidente para evitar uma possível prisão. As informações, com vídeos, foram divulgadas nesta segunda-feira (25) pelo The New York Times (NYT), um dos mais influentes veículos de comunicação do mundo. 

Após a publicação da reportagem, Bolsonaro confirmou, por meio de nota, a veracidade das imagens. Disse que passou dois dias na embaixada húngara "para manter contatos com autoridades do país amigo". Ele permaneceu no prédio acompanhado por dois seguranças e servido pelo embaixador húngaro, Miklós Halmai, e diplomatas do país europeu. 

O jornal norte-americano divulgou em seu portal imagens de vídeo e fotos indicando que Bolsonaro entrou na embaixada em 12 de fevereiro  – mesmo dia em fez a convocação para o ato na Paulista – e só saiu de lá dois dias depois. Foram publicadas ainda fotos de satélite mostrando que o veículo usado pelo ex-presidente ficou estacionado na embaixada.

A publicação lembra também que, em 8 de janeiro, após a Polícia Federal desencadear a operação que mirava Bolsonaro, generais e ex-ministros por causa da suposta trama golpista, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, postou em rede social uma mensagem de encorajamento para Bolsonaro, chamando-o de “um patriota honesto” e dizendo-lhe para “continuar lutando”.