EX-AJUDANTE DE ORDENS

Mauro Cid presta novo depoimento à PF sobre suspeita de trama golpista

Ex-auxiliar de Bolsonaro foi convocado pela PF na tentativa de preencher lacunas na investigação

Por Levy Guimarães | Lucyenne Landim
Publicado em 11 de março de 2024 | 17:38
 
 
 
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O tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), presta novo depoimento à Polícia Federal (PF) na tarde desta segunda-feira (11), na sede da corporação, em Brasília. Ele chegou por volta das 15h e segue no local.

A oitiva acontece no âmbito da investigação que apura um suposto plano de golpe de Estado em 2022, após as eleições, que teria como objetivo manter Bolsonaro no poder. Cid firmou acordo de delação premiada com a Justiça e, nessa condição, pode ser chamado para depor várias vezes.

Esta é a segunda vez que o militar é ouvido pelos agentes da PF sobre o caso.  Em fevereiro, 22 pessoas tiveram de depor simultaneamente. A maioria optou por não responder às perguntas.

Informações prestadas pelo militar em outro depoimento e encontradas pela PF em aparelhos apreendidos embasaram operações deflagradas nos últimos meses. Entre elas, a que apontou a existência de uma "organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito".

Bolsonaro foi alvo dessa operação, chamada de Tempus Veritatis (ou "tempo de verdade", em latim), assim como nomes de seu entorno. Parte do grupo prestou depoimento à PF, mas a avaliação é que lacunas precisam ser esclarecidas. As diligências foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do caso.

Em 1º de março, o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, prestou depoimento por cerca de oito horas. Ele teria confirmado a existência de uma “minuta golpista”, atribuiu a Bolsonaro a manutenção dos acampamentos nos quartéis após o resultado nas eleições de 2022 e corroborou com a delação de Mauro Cid.

Citações apontam que Bolsonaro ordenou pessoalmente ajustes em uma minuta de golpe. O documento tinha, ao final, ordens de prisão para Moraes, o também ministro do STF Gilmar Mendes e o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Sobre Moraes, agentes da PF identificaram que o ministro tinha sua agenda, o deslocamento aéreo e a localização monitorados por um "núcleo de inteligência paralela" integrado pelo entorno de Bolsonaro.

A troca de conversas de uma reunião ministerial em julho de 2022, encontrada em um vídeo no computador de Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro), "nitidamente revela o arranjo de dinâmica golpista" na "alta cúpula do governo" do ex-presidente, segundo a PF.

Ainda na reunião, o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno afirmou: "Se tiver que virar a mesa é antes das eleições", acrescentando que não teria "VAR". Ele disse ter sua visão "clara" de que seria necessário "agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas".

As apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em seis núcleos de atuação: desinformação e ataques ao sistema eleitoral, incitação de militares a aderirem ao golpe; núcleo jurídico, operacional, inteligência paralela e  oficiais de alta patente. O objetivo final de todos eles seria  legitimar uma intervenção militar.

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