O vice-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), vereador Juliano Lopes (Agir), partiu para o ataque em relação ao presidente da Casa, vereador Gabriel Azevedo (sem partido), durante entrevista ao Café com Política, da FM O TEMPO 91.7, na manhã desta sexta-feira (5). Ele cobra que Gabriel cumpra um acordo que teria sido feito na eleição da Mesa da Câmara e renuncie ao cargo de presidente neste início de 2024. 

Juliano Lopes apresentou o documento que teria sido assinado por Gabriel e afirmou que está estudando meios judiciais para que o pacto seja cumprido. “Estamos, juntamente com nossa equipe jurídica, avaliando quais medidas serão tomadas. A partir do momento que você assina o documento, idêntico à sua carteira de identidade, esse documento tem que ter algum tipo de validade (…) Então, nossa equipe jurídica, juntamente com nossa equipe técnica, vamos sim tomar algumas providências”, garantiu. 

Pelo acordo citado por ele e descrito no documento, em dezembro de 2022, antes da eleição que escolheu a atual Mesa Diretora, Gabriel Azevedo teria registrado, antecipadamente, um pedido de renúncia, com data de 2 de janeiro de 2024. A ideia seria Gabriel estar à frente da presidência da Casa no primeiro ano (2023) e Juliano no segundo (2024).

“Vamos voltar ao passado. Dezembro de 2022, o vereador Gabriel Azevedo tinha três votos. Nosso grupo político (Família Aro) tinha 18 votos, e houve um acordo com o Gabriel. Mas como nós já sabíamos que ele não cumpria a palavra, nós resolvemos fazer um documento, e o Gabriel assinou essa renúncia. Infelizmente, Gabriel não tem palavra e nem assinatura”, criticou.

Juliano Lopes também acusou Gabriel Azevedo de, no final do ano passado, ter mudado a assinatura que utilizava nos documentos da Câmara, em uma tentativa de fazer o acordo perder a validade. Ele afirmou ainda que o rompimento entre os dois aconteceu por causa do desejo de Gabriel de levar adiante a cassação do prefeito Fuad Noman (PSD) para assumir o cargo no Executivo Municipal.

“O grande sonho do Gabriel no início era cassar o Fuad. Ele queria cassar o prefeito. Era o sonho dele. Ele (Gabriel) não está satisfeito de estar sentado na cadeira de presidente da Câmara. Ele queria estar sentado na cadeira de prefeito. Quando nós, da 'Família Aro', não concordamos e fomos para a base do prefeito, começaram as turbulências”, avaliou.

Juliano Lopes lembrou ainda que Gabriel Azevedo enfrentou dois processos de cassação (o primeiro foi arquivado e o segundo está em andamento). Disse também que a abertura das investigações contra o presidente da Câmara, por falta de decoro e outros problemas, foi aprovada com 26 vereadores. “Apenas 13 vereadores dos 41 que fazem parte da Câmara estão com Gabriel. A população precisa saber disso. Ele perdeu o direito de comandar a Câmara Municipal”, avalia.

Sem renúncia

Nos últimos dias, Gabriel Azevedo tem utilizado o Diário Oficial do Município para publicar um comunicado afirmando que não vai renunciar ao cargo e que qualquer documento neste sentido “não constitui ato de sua vontade”. Nesta sexta-feira (5), após a entrevista de Juliano Lopes ao Café com Política, a reportagem questionou o presidente da Câmara sobre a existência do documento que teria a assinatura dele, com o pedido de renúncia.

Gabriel Azevedo negou a legitimidade da peça. “Como o próprio vereador Professor Juliano Lopes admite na entrevista, não existe nenhum documento de renúncia com validade legal. Quanto ao cumprimento de palavra, o próprio vereador entrevistado deveria ter respondido por qual razão tentou me remover da presidência com oito meses de mandato, além de promover uma cassação sem fundamentos”, afirmou Gabriel.

O presidente da Câmara continuou rebatendo as declarações do vice-presidente.  “De resto, ninguém chuta cachorro morto. Como a entrevista do vereador Professor Juliano Lopes se resumiu a falar sobre mim, fica muito evidente que há algumas pessoas preocupadíssimas com a minha participação nas eleições de 2024. A cassação sempre foi uma tentativa infrutífera de remover do caminho quem a própria ‘Família Aro’ sempre viu como um nome forte para a disputa pela prefeitura”.

Os dois processos abertos na Câmara contra Gabriel foram recebidos pelo vice-presidente. O primeiro pedido de cassação foi apresentado pela deputada federal deputada Nely Aquino (Podemos), do mesmo grupo político de Juliano Lopes. Ela acusava Gabriel Azevedo de quebra de decoro, mas o processo foi arquivado, no início de dezembro de 2023, sem votação em plenário. A avaliação é que não haveria votos suficientes para a cassação.  O segundo processo ainda está em fase de análise em uma Comissão Processante e foi apresentado pelo vereador Miltinho CGE (PDT). A acusação também é de quebra de decoro.

Veja a íntegra da entrevista: