Exclusivo

Kalil diz que não deve favor e afirma: ‘Hoje, não tenho candidato para PBH'

Em entrevista a O TEMPO, ex-prefeito contou que se sentiu sozinho na campanha para o governo de Minas, e que, por enquanto, não está com Fuad, que é do mesmo partido

Por Cynthia Castro
Publicado em 22 de dezembro de 2023 | 07:45
 
 
 
normal

No escritório, na região da Savassi, zona sul da capital mineira, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), recebeu a reportagem de O TEMPO na manhã da última quarta (20/12). Longe dos holofotes nos últimos meses, depois de ser derrotado, em 2022, no 1º turno nas eleições para governador do Estado, Kalil marcou posição e afirmou que está de volta: “eu quero sim participar da vida política, porque, para isso, eu ainda tenho lenha para queimar”. Acompanhe a entrevista, transmitida às 8h desta sexta (22), na FM OTEMPO 91,7.

Na conversa de uma hora, Kalil falou sobre política em Minas Gerais, voltou a declarar o seu amor ao Galo, o Clube Atlético Mineiro, e também comentou um pouco sobre a família. Com semblante tranquilo, fumando cigarro eletrônico e tomando café, ele começou o papo, antes da entrevista gravada, lembrando das cinco netas, com idades entre 1 e 4 anos e do desafio de limitar e, ao mesmo tempo, conceder com parcimônia, telas às crianças.

Ao falar de 2026, quando haverá eleições para governador, foi categórico: “em 2026, eu tenho que chegar vivo. Primeira coisa. O cara, quando passa dos 60 anos, e eu já passei bem, em 2026, eu espero que eu esteja vivo. Agora, é o que eu disse. É traço. Eu quero ver as pesquisas de 2026. Se eu for traço, vou trocar fralda da minha neta”. E continuou: “se eu não for traço, vou pensar o que eu vou fazer na minha vida”. Traço, no caso, é uma referência aos candidatos que aparecem com tão pouca intenção de votos nas pesquisas que os nomes nem chegam a ser computados nos percentuais.

 

Trazendo o debate para a disputa na capital mineira, que, assim como todos os outros municípios do Brasil, escolherá o seu novo prefeito em 2024, Alexandre Kalil explicitou que, por enquanto, nenhum dos nomes colocados tem o seu apoio. Nem mesmo o do atual prefeito, Fuad Noman, que é do seu mesmo partido, o PSD, e seu ex-vice no Executivo municipal. “Tudo vai ter hora. Eu hoje não tenho candidato”, afirmou.

Ao ser questionado diretamente se Fuad poderá ter o seu apoio, Kalil respondeu que pode “estar junto com quase todos, inclusive com o Fuad”. E emendou, ressaltando a boa relação que tem com o prefeito atual, mas deixando claro que não há obrigações entre os dois. Kalil reclamou de ter se sentido sozinho na disputa para o governo de Minas. “Eu não tenho obrigação com nenhum político desse Estado, porque eu tive uma caminhada quase solitária”, comentou.

Em 2022, Kalil renunciou à prefeitura para concorrer ao cargo de governador de Minas Gerais. Segundo ele, desde então, Fuad “assentou na cadeira, trocou todo o secretariado. Trabalha do jeito que ele quer, com os aliados que ele quer”. Disse ainda que esse comportamento geral é “a prova cabal de que quem sai, sai”. Kalil não citou nomes, mas, nos últimos meses, a imprensa tem noticiado um racha no PSD em Minas. Uma das queixas de parte do partido seria exatamente a influência que o secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), teria sobre a Prefeitura de BH.

Apoio

Kalil negou, entretanto, que haja qualquer “chateação” em relação à postura de Fuad, por não ter dado o apoio esperado por muitos atores da política mineira, já que o atual prefeito era vice de Kalil e mantinha com ele boa relação. Uma semelhança entre os dois, citada por Kalil, é a independência sobre possíveis apoios. “O Fuad manteve na minha eleição para governador uma independência, uma neutralidade (...) nunca fui ajudado. Fui muito solitário na minha caminhada. Então, apesar do apreço, da amizade e consideração que eu tenho pelo Fuad, eu não tenho nenhuma obrigação com o Fuad. Ele sabe disso. Como ele não tinha comigo, o que nos torna amigos, mas politicamente independentes”, explicou.

O ex-prefeito afirmou ainda que não ficou nenhuma situação ruim, exatamente porque não havia nenhum acordo prévio. “Não houve compromisso. Então, quando não há compromisso, não há decepção e não há traição, né?”. Segundo o ex-prefeito, o atual prefeito ainda não pediu o seu apoio, até mesmo porque Fuad não se colocou oficialmente como candidato à prefeitura em 2024. 

O senador Carlos Viana (Republicanos), que foi apoiado por Kalil nas eleições para o Senado e hoje é pré-candidato à Prefeitura de BH, também foi citado durante a entrevista, em relação a não obrigação de futuros apoios. “Quando eu participei modestamente da campanha dele para o Senado, ele também não me pediu nada. Então, ele nunca fez nada comigo.”

Jackson Machado

No último mês, alguns aliados de Kalil disseram a O TEMPO que o ex-prefeito de Belo Horizonte gostaria de lançar o ex-secretário de Saúde, Jackson Machado, para concorrer à prefeitura da capital. Médico, o ex-secretário, que hoje nem está filiado a nenhum partido político, teve forte atuação no combate à pandemia de Covid-19. Os aliados de Kalil consideraram que esse fator poderia ser um motivador para que o médico conseguisse votos para ser o prefeito da cidade. Outros políticos especularam que Jackson Machado poderia vir a compor uma chapa com outro candidato, entrando como vice.

Entretanto, na entrevista de quarta-feira, Kalil negou que o ex-secretário, que também é sogro do filho dele, seja um nome a ser lançado para a Prefeitura de Belo Horizonte. “O Jackson foi, na minha modestíssima opinião, o melhor secretário municipal dessa cidade. No Estado de Minas Gerais, muito poucos secretários chegaram ao nível do Jackson. Mas ele realmente não é político. Ele não é do ramo. Apesar de que hoje não tem muito isso”, afirmou.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!