Vazamentos

Manuela confirma que intermediou contato de suposto hacker com Greenwald

Apesar de fazer a “ponte com o repórter, Manuela d'Ávila diz que em nenhum momento soube qual era a identidade do suposto hacker

Por Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2019 | 19:48
 
 
 
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A ex-deputada Manuela d'Ávila (PC do B) confirmou que intermediou o contato entre o suposto hacker e o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil. Apesar de fazer a “ponte” com o repórter, Manuela diz que em nenhum momento soube qual era a identidade dele e que irá entregar a Polícia Federal (PF) cópias das mensagens que recebeu pelo aplicativo Telegram.

Por meio de nota, Manuela d'Ávila explicou que no dia 12 de maio deste ano foi comunicada pelo Telegram que o dispositivo dela havia sido invadido no estado da Virginia, nos Estados Unidos. Minutos depois, de acordo com a ex-parlamentar, uma pessoa entrou em contato com ela para falar que tinha provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. “Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza”, explicou.

Manuela disse que inicialmente achou que se tratava de uma “armadilha” montada por seus adversários políticos. Mas que em seguida optou por passar o contato de Glenn Greenwald ao suposto hacker. “Apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald”.

Por fim, Manuela d'Ávila argumenta que desconhece a identidade do hacker e que está a disposição da Polícia Federal para esclarecimentos, e que os seus advogados irão levar provas até a polícia. “Meus advogados vão fazer a entrega imediata das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial”, concluiu.

 

Versão do hacker

Um dos presos na terça (23) sob suspeita de ter hackeado celulares de autoridades, Walter Delgatti Filho, 30, afirmou que obteve o contato do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, por meio da ex-deputada Manuela d'Ávila e que não editou as mensagens de membros da Lava Jato antes de repassá-las.

O teor do depoimento dele foi revelado nesta sexta (26) pela GloboNews. Segundo o depoimento, Delgatti procurou Grennwald por conhecer sua atuação no vazamento de documentos secretos dos EUA, no caso de Edward Snowden. O compartilhamento com o Intercept, segundo o preso, foi voluntário e não envolveu pagamento

 

Confira na íntegra a nota de Manuela d'Ávila

Tomando ciência, pela imprensa, de alusões feitas ao meu nome na investigação de fatos divulgados pelo “The Intercept Brasil”, e por me encontrar no exterior em atividades programadas desde o início do corrente ano, esclareço que:

1. No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos. Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza.

2. Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.

3. Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial.

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