Membros do Novo protocolaram, no sábado (24), um pedido para que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tenha sua filiação suspensa enquanto exerce seu cargo na Esplanada.
O requerimento enviado à Comissão de Ética da legenda pede ainda que Salles seja investigado pelo partido, num procedimento que poderia levar à sua expulsão definitiva.
O pedido é motivado por sua conduta à frente do ministério em meio à crise das queimadas na Amazônia.
"Entendemos que Salles tem atuado com grande convicção na adoção de condutas divergentes com os programas do Novo no tema ambiental, demitindo profissionais qualificados, desdenhando de dados científicos e revogando políticas públicas sem debate prévio", escreveu no Twitter o deputado estadual Chicão Bulhões (Novo-RJ), um dos autores do pedido.
O requerimento também é assinado por Marcelo Trindade, que foi candidato a governador do Rio pelo Novo, e por Ricardo Rangel, que concorreu a deputado federal.
Chicão afirma que Salles não tem agido de acordo com o programa de João Amôedo, presidenciável da sigla, que tinha medidas para evitar queimadas e desmatamento.
O deputado diz ainda que cabe uma averiguação do partido sobre as condutas de Salles. "Principalmente porque ele tem uma condenação em primeira instância por improbidade administrativa."
A bancada federal do Novo ainda não discutiu a questão, mas o líder na Câmara, Marcel van Hattem (RS), diz que o requerimento não tem fundamentação.
"Há uma série de políticas sendo implementadas que estão em consonância com o que defende o Novo", disse. "Suspensão ou expulsão por opinião política não cabe. Ele [Chicão] pode pedir a Bolsonaro que substitua o ministro. Seria o caminho correto."
À reportagem Chicão disse concordar que não deve haver expulsão por divergência política, mas que não é o caso de Salles. "Há fatos objetivos que precisam ser averiguados pelo partido. É grave uma condenação por improbidade."
Na quinta (22), o Novo já havia se manifestado diante de críticas ao ministro. Em nota, o partido afirmou que Salles não foi indicação da legenda e que, portanto, não representa a instituição.
Críticas a Salles foram feitas por outros parlamentares do Novo, como o deputado estadual Daniel José (SP).
Ele tuitou: "O problema nem é a política em si, é a postura de desdenhar de todo mundo que o confronta... De negar qualquer um que tenha outra visão. Ali, vale apenas uma verdade. A dele. Não é isso que o Novo cultua".
Chicão Bulhões menciona uma resolução do partido que determina a suspensão de filiados que ocupem cargos de primeiro escalão em governos quando não forem indicados pelo Novo. A resolução, no entanto, não se aplica a Salles, porque foi aprovada em maio, quando ele já ocupava o cargo, e não tem efeito retroativo. Chicão pede uma "reinterpretação" da resolução.
Procurado, o Novo afirmou que a Comissão de Ética recebeu a denúncia contra Salles. O partido declarou que toda denúncia passa por uma análise inicial de formalidades e pode se transformar em processo disciplinar.