Se há um movimento dos líderes partidários da Câmara que promete não ter pausa nem mesmo no Carnaval é o da negociação para a escolha dos presidentes dos colegiados. Por tradição, a chefia mais disputada é a da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que, neste ano, pode ficar nas mãos do mineiro Lafayette de Andrada (Republicanos).

PDT e MDB também estão na briga, mas as conversas do presidente do Legislativo, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estão mais adiantadas com os caciques do Republicanos: o vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (SP), e o líder da legenda, Jhonatan de Jesus (RR). O esperado é que a confirmação seja feita depois do feriado.
O mineiro tem atuado na Câmara com temas técnicos, mas muito polêmicos, que acabaram colocando-o em evidência para assumir a CCJ, como o pacote anticrime, a PEC da prisão após condenação em segunda instância e a relatoria da comissão que estuda um código de energia elétrica na Câmara – o que inclui a taxação da energia solar. 

Por sua atuação com esses temas, Andrada tem recebido apoio de parlamentares de partidos de esquerda, como PT, PSOL e PCdoB. A avaliação é que o perfil do deputado por Minas é ponderado e, com isso, o colegiado pode funcionar de forma mais harmônica. E o assunto mais sensível da CCJ no primeiro semestre deve ficar por conta da reforma administrativa.

No último ano, sob responsabilidade de Felipe Francischini (PSL-PR), as sessões da comissão foram marcadas por discussões acaloradas sobre questões ideológicas. O PSL, inclusive, sustenta que o acordo firmado para reeleger Maia daria ao partido a presidência do colegiado por dois anos. Porém, essa possibilidade foi por água abaixo após alguns parlamentares revelarem o desejo de migrar para a sigla que presidente Jair Bolsonaro pretende criar, o Aliança pelo Brasil.