Sem prescrição

Deputados bolsonaristas de MG recomendam cloroquina mesmo sem comprovação

Cabo Junio Amaral e Bruno Engler enviaram ofícios ao governo de Minas e às 853 prefeituras do Estado solicitando a aplicação de protocolo de tratamento da Covid-19

Por Fransciny Alves
Publicado em 16 de julho de 2020 | 12:31
 
 
 
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O deputado federal mineiro Cabo Junio Amaral (PSL) disse, nesta quinta-feira (16), que mesmo após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter moderado o tom sobre o uso da cloroquina para o combate ao coronavírus, ele permanece sendo defensor do medicamento. E acredita que o chefe do Palácio do Planalto também não tenha mudado de ideia, mas sim foi mais claro para evitar polêmica.

Na última semana, ele e Bruno Engler (PRTB), que é deputado estadual e pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, gravaram um vídeo informando que enviaram ofícios ao governo de Minas e às 853 prefeituras do Estado solicitando a aplicação de um protocolo de tratamento da Covid-19, que inclui o uso da hidroxicloroquina e azitromicina. Alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), Junio Amaral é muito próximo de Bolsonaro.

“Não mudamos nada e não acho que o presidente também tenha mudado. Ele defende o protocolo, mas com a condicional de ser via prescrição médica. Até porque a cloroquina não se vende sem receita. Ele só foi mais claro para evitar polêmica, mas a gente continua defendendo o protocolo também, assim como ele também. Não vai dar certo pra todo mundo, mas temos centenas de casos que deram certo. Recebemos esses relatos”, disse Amaral.

Em uma transmissão ao vivo na última quarta-feira (15), Bolsonaro disse que não faz campanha para o remédio, não o recomenda pelo fato de não se ter comprovação científica de que o fármaco seja eficaz no combate à doença. “Eu não recomendo nada, eu recomendo que você procure seu médico e converse com ele. O meu, no caso, médico militar, foi recomendado hidroxicloroquina”, afirmou. O presidente, no entanto, voltou a dizer que se sentiu melhor após tomar o medicamento.

Na última terça-feira (7), o presidente disse em entrevista coletiva que havia testado positivo para a Covid-19 e estava sendo medicado com hidroxicloroquina e azitromicina, mesmo que nenhum estudo tenha demonstrado que haja resultados efetivos com essas medicações para o combate à doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) até mesmo anunciou, em 17 de junho, que decidiu interromper os experimentos com hidroxicloroquina para tratamento do coronavírus.

Na mesma linha do chefe do Executivo, Amaral afirmou que não está assumindo um papel de médico, lembrou que o remédio não tem comprovação científica, mas insistiu na tecla de que existem casos que deram certo. “A gente está fazendo essa recomendação não é querendo assumir papel de cientista, mas é um papel político de quebrar uma narrativa política de resistência a um medicamento que apesar de não ter a comprovação científica tradicional concluída, tem inúmeros casos de concretos de resultado”.

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