No dia 22 de abril, quando ocorreu a reunião ministerial que mostra falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre uma interferência na direção da Polícia Federal (PF), o Brasil registrava 2.906 mortes pelo novo coronavírus. Nesta sexta-feira (22), um mês depois, o Ministério da Saúde informou que até agora há 21.048 óbitos. Ou seja, um crescimento de 904,1% no número de mortes. 

Chama atenção no encontro o fato de o então ministro da Saúde, Nelson Teich, não falar por mais de dez minutos sobre a pandemia. Não havia completado uma semana desde que o oncologista tinha assumido a chefia da pasta – antes nas mãos de Luiz Henrique Mandetta –, quando participou da sua primeira reunião com membros do primeiro escalão do governo federal. No encontro, inclusive, medidas para combater a doença ficaram em segundo plano.

O vídeo divulgado faz parte da investigação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta interferência de Bolsonaro na direção Polícia Federal, que foi denunciada pelo então ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro quando deixou o cargo, no final do mês passado.

Teich falou por cinco vezes na reunião, sendo que em três delas foram respostas com menos de uma frase. Em linhas gerais, ele disse que a prioridade do Executivo era conseguir controlar a doença para mostrar uma saída para a população, tanto na saúde quanto na questão econômica. Para isso, ele listou que a equipe da pasta iria trabalhar com três vertentes: a informação; estruturar a operação de cuidados; e deixar claro um programa de saída do isolamento e distanciamento.

“Não é que vá sair amanhã, mas a gente tem que ter um planejamento. Porque aí a gente realmente mostra que a situação está na nossa mão. Pode ser que demore um pouco, mas a gente está controlando esse processo, que a gente não está sendo um barco à deriva”, afirmou. E questionado quando seria possível apresentar um plano, Teich afirmou que estava correndo contra o tempo.

O oncologista pediu demissão do cargo no último dia 15 por não concordar com a insistência do presidente em adotar a cloroquina no tratamento de pessoas com Covid-19. Depois da saída de Teich, o remédio foi liberado pelo Ministério da Saúde para pacientes em estágio inicial da doença.