Parlamentares do Centrão na Câmara dos Deputados contam nos bastidores que, mesmo sem paciência com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e com motivos para abrir um processo de impeachment contra ele, o entendimento atual é de que é melhor que ele permaneça até o final do mandato do que colocar no lugar um “totalmente desconhecido”. Que, na prática, é o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB).

A explicação é de que, mesmo com muita polêmica, é possível saber como Bolsonaro vai agir e, com determinada pressão, acalmar os ânimos. O cenário é diferente com Mourão, que não apresenta nenhuma interlocução com o Legislativo e, nas palavras dos próprios deputados, é uma incógnita no meio político, em que somente é possível saber um pouco do que ele pensa por meio de declarações que faz em conversas com jornalistas.

Parlamentares ouvidos pela coluna fazem um paralelo com 2016, quando a presidente Dilma Rousseff (PT) estava no poder e foi alvo de impeachment. Na época, o vice era Michel Temer (MDB). O emedebista já havia sido presidente da Câmara dos Deputados, fazia parte de um partido que ocupava as chefias de vários ministérios e era quem tratava diretamente com os políticos. Ele também era conhecido por ser mais de fácil trato do que Dilma.

Por isso, a análise interna é de que Bolsonaro vai perder fôlego até o final do mandato, principalmente em função da má-gestão feita em relação à pandemia da Covid-19, e cada vez mais o Legislativo vai ocupando um papel de protagonismo. Tanto é que a aposta sobre o apoio do Centrão ao presidente é simples: até o final de 2021 se mantém. mas depois, ano eleitoral, ele vai ficando mais isolado.